Os líderes do PS e do Bloco de Esquerda travaram, ontem à noite na RTP, um debate tenso do primeiro ao último minuto, com José Sócrates a acusar Francisco Louçã de radicalismo e este a atacar a transparência da política governativa.
O líder do PS acusou o Bloco de Esquerda de "radicalismo", "extremismo" e espírito "revolucionário", dividindo a esquerda e elegendo (em benefício da direita) os socialistas como o seu principal adversário.
Louçã frisou que a sua mensagem política se dirigia aos socialistas que deram maioria absoluta ao actual Governo - e que foram vítimas da guerra que lhes foi movida por este executivo, caso dos professores -, dizendo que Portugal precisa de "governabilidade", de "um bom primeiro-ministro", de "rigor" e de transparência" na economia.
O secretário-geral do PS recorreu ao programa eleitoral do Bloco de Esquerda para confrontar Louçã com propostas a favor das nacionalizações da banca, seguros e energia, mas também em relação ao fim dos benefícios fiscais nos planos poupança-reforma, saúde e educação.
"Com essas nacionalizações teríamos mais confiança e haveria mais investimento estrangeiro, ou teríamos empresas menos eficientes, mais pobreza e desemprego", interrogou-se Sócrates, considerando esta uma proposta típica da esquerda radical.
Sócrates acusou ainda o BE de penalizar a classe média, numa ordem superior a mil milhões de euros, caso concretizasse a sua proposta de acabar com os benefícios fiscais.
Sendo a educação e a saúde gratuitas, esses benefícios fiscais eram desnecessários, argumentou Louçã.
No caso das nacionalizações, Louçã falou sobre a forma rápida como os actuais proprietários da GALP, "José Eduardo dos Santos [presidente de Angola] e [o empresário] Américo Amorim", recuperaram o dinheiro que gastaram na compra da empresa.
O líder do Bloco de Esquerda referiu-se ainda à adjudicação à empresa Mota Engil (presidida pelo socialista Jorge Coelho) do terminal de contentores de Alcântara até 2042, por ajuste directo, assim como à concessão do troço da auto-estrada Oliveira de Azeméis e Coimbra a esta mesma empresa de construção civil.
Em relação a esta concessão, que foi negada várias vezes por Sócrates, Louçã disse que, a partir do momento em que foi concretizada, o custo da obra aumentou 500 milhões de euros.
Sem comentários:
Enviar um comentário