A selecção portuguesa de futebol tem 180 minutos para tentar garantir uma vaga no play-off de apuramento para o Mundial2010 da África do Sul. Nos jogos frente à Hungria (sábado) e Malta (quarta-feira), "vencer" é a palavra de ordem, de preferência por muitos golos. Depois, é rezar e esperar pela vitória ou empate da Dinamarca frente à Suécia e fazer as contas. ASelecção nacional portuguesa tem, no espaço de uma semana, a obrigação de ganhar os jogos frente à Hungria e Malta para tentar (porque está dependente de terceiros) a presença no p lay-off que dará acesso ao Campeonato Mundial de Futebol que se realiza na África do Sul em 2010. A verdade é que muito poucos imaginavam no início desta campanha que Portugal se encontraria agora em tal situação. É que falhar a presença numa competição de selecções – sobretudo o Campeonato do Mundo, que é a maior vitrine do futebol –, representa algo a que nós, portugueses, já não estávamos habituados desde o falhanço verificado na fase de apuramento para o Campeonato do Mundo de 1998, em França. Mas a verdade é que a exclusão da nossa selecção do Mundial do próximo ano terá de ser encarada, infelizmente, como um cenário bastante provável. No entanto, existe ainda a esperança de Portugal, beneficiando da ajuda de terceiros, conseguir chegar ao play-off de apuramento, reservado aos oito melhores segundos classificados de cada grupo. No fundo, uma espécie de segunda via para chegar ao Mundial da África do Sul.
AS CONTAS DA SELECÇÃO NO GRUPO 1
Em primeiro lugar, Portugal, que contabiliza 13 pontos, deverá imperativamente vencer os encontros frente à Hungria no próximo sábado, no estádio da Luz, em Lisboa, às 20h45, e na quarta-feira seguinte, frente a Malta, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, às 19h45, se possível por muitos golos. A Dinamarca, primeira classificada do grupo, com 18 pontos, precisa de pelo menos empatar (também no próximo sábado) frente à vizinha e rival Suécia para "carimbar" já o apuramento para o Mundial, reservando o último encontro em casa, frente à Hungria, para fazer a festa. Os suecos, se perderem em Copenhaga, ficam praticamente eliminados. Com 15 pontos e em caso de derrota, poderiam apenas chegar aos 18 se vencerem na derradeira jornada a Albânia em casa. Mas, em caso de vitória dos suecos na Dinamarca, Portugal fica excluído, cabendo às duas selecções nórdicas a luta pelo dois primeiros lugares. Em perspectiva, um jogo de alta tensão. Quanto à Hungria, que tem também 13 pontos, as possibilidades de apuramento são ainda mais reduzidas. Os magiares precisam de ganhar em Portugal e na Dinamarca e esperar que a Suécia perca em Copenhaga para chegarem ao segundo lugar, totalizando 19 pontos. Um cenário que em abono da verdade nos parece tremendamente difícil, embora matematicamente possível. Se a Suécia empatar na Dinamarca e vencer a Albânia no último jogo em Estocolmo, chega aos 19 pontos, os mesmo que Portugal poderá alcançar se vencer a Hungria e Malta. A partir daí é o saldo entre os golos marcados e sofridos ( gol average ) das duas equipa que vai decidir quem vai disputar o play-off . Actualmente, a Suécia tem nove golos marcados e apenas três sofridos, o que lhe garante um saldo positivo de seis golos. Portugal apontou até agora dez golos e sofreu cinco, o que significa um saldo positivo de cinco golos. Portanto, menos um que a selecção sueca. A Portugal importa vencer (mesmo sem convencer) e marcar o maior número de golos possível nestes dois jogos. Uma tarefa que a equipa de todos nós poderá levar a cabo com relativa facilidade, principalmente frente à frágil equipa de Malta. Mas, entre aritmética e conjecturas, a verdade é só uma: a selecção portuguesa está dependente de terceiros.
COMO CHEGOU PORTUGAL A ESTE PONTO?
No dia do sorteio, muitos se regozijaram pelo facto de Portugal ficar inserido num grupo perfeitamente "acessível". E com razão. A verdade é que Dinamarca e Suécia não são equipas do calibre da Espanha, Alemanha, Itália, Inglaterra ou França. São selecções consideradas de valor médio, mas manifestamente inferiores a Portugal. A Hungria poderá ser colocada imediatamente atrás das selecções escandinavas, acima da Albânia, que apesar de ter mais qualidade que Malta são consideradas ambas como terceiro mundo futebolístico na Europa. No trajecto desta fase de qualificação, Portugal venceu em Malta (4-0), cumprindo a sua obrigação sem no entanto ter sido brilhante. Mas foi a derrota em casa frente à Dinamarca, por 2-3, que marcou o início de uma série de problemas (e resultados) da Selecção Nacional, (des)orientada por Carlos Queiroz. Embora o empate a zero na Suécia possa ser considerado um resultado positivo, os nulos (sem golos) registados em casa frente à Albânia e Suécia puseram a nu as fragilidades da nossa selecção e revelaram, por outro lado, as limitações do seleccionador nacional. Seguiu-se o "milagre de Tirana", com o golo da vitória apontado por Bruno Alves já em período de descontos, mas que não escondeu um futebol paupérrimo, arrastado e sem qualquer brilho, já revelado nos jogos anteriores. A partir daí, a selecção ficou entre a "espada e a parede". Para tentar garantir o primeiro lugar no grupo, Portugal tinha de ganhar na Dinamarca e na Hungria. Empatou na Dinamarca (graças ao golo do naturalizado Liedson), efectuando o melhor jogo nesta campanha. Algo verdadeiramente consentâneo com o valor dos seus jogadores. Mas não chegou, era preciso ganhar. Na Hungria, Portugal venceu por 1-0, graças ao golo do também naturalizado Pepe. Com um futebol razoável durante a primeira meia-hora, a selecção foi-se apagando com o passar do tempo, perante uma equipa medíocre, acabando o jogo a defender a magra vantagem. Manifestamente insuficiente. Depois de tantos pontos desperdiçados, Portugal está, nesta recta final, obrigado a ganhar os dois jogos e esperar que os resultados de terceiros venham de encontro às suas mitigadas aspirações. Inicialmente apontados como super-favoritos do grupo, agora resta-nos rezar e esperar que tudo dê certo. Haja Fé!
Á. Cruz
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