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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Dar doces às crianças pode levar à violência em adultos

Um estudo da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, concluiu que o consumo diário de açúcar na infância pode aumentar o risco de agressividade na fase adulta. A investigação, publicada na edição de Outubro do "British Journal of Psychiatry", foi feita com cerca de 17.500 participantes desde a década de 1970.

Os cientistas descobriram que as crianças que aos 10 anos comiam doces todos os dias apresentavam, aos 34 anos, uma probabilidade muito grande de serem acusados de cometer actos de violência (69 %). O índice desceu para 42 % entre os adultos que não tinham um comportamento violento.

A relação entre o consumo de açúcar e os riscos de delinquência permaneceram mesmo após levados em consideração factores como ambiente familiar, qualificações educacionais após os 16 anos e posse de carro aos 34 anos.

No entanto, a investigação não conseguiu estabelecer uma relação directa entre comer doces e a violência. Os autores advertem que “não são os doces em si mesmo que são maus, mas a interpretação que as crianças quando os recebem”.

De acordo com Símon Moore, líder da pesquisa, os pais que “compram” os seus filhos com doces , o que é comparável à corrupção, fazem-lhes provavelmente mal. Estas crianças não aprendem a esperar para obterem o que querem e a sua impaciência torna-os violentos e coléricos na idade adulta: "Ser incapaz de adiar a gratificação pode levá-las a um comportamento mais impulsivo, que é fortemente associado à delinquência", conclui Moore.

Os cientistas alertam pois que a relação entre os doces e a violência deve receber uma melhor atenção por parte dos pais.

"Uma dieta alimentar equilibrada das crianças pode melhorar a saúde e reduzir a agressividade" na fase adulta, concluiu o autor do estudo.

Na sequência da publicação deste estudo, alguns protestos surgiram, entre os quais o de Julian Hunt, responsável da comunicação da Federação Britânica das Indústrias Alimentares e de Bebidas (FDF, em inglês). Hunt considera que se trata de “puros absurdos” e acrescenta que “os comportamentos anti-sociais são resultado de factores sociais muito profundos e do meio ambiente, nomeadamente de uma educação deficiente e de uma falta de autoridade parental e não estão ligados ao facto de comer ou não comer doces durante a infância”.

Cristina Campos

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