segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Luxemburgo: Trabalho faz mal à saúde, revela estudo
A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (OSHA) publicou a 6 de Outubro os resultados de uma sondagem aos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) realizada no Verão sobre a impressão que as pessoas têm do seu ambiente de trabalho.
O estudo apresenta algumas surpresas no caso específico do Luxemburgo. Neste país, 29 % dos interrogados consideram que o trabalho contribui "em grande medida" para a degradação da sua saúde e 53 % consideram que "em certa medida" o trabalho ajuda a degradar a saúde. Ou seja, na globalidade, 82 % consideram que o trabalho prejudica a sua saúde.
Um número superior à média europeia e que aparece num momento em que a actual crise económica pode levar as organizações a ignorar ou minimizar a importância da segurança e da saúde no local de trabalho.
O objectivo desta agência é de estimular o debate e de convencer as empresas a não privilegiar "em caso algum" uma redução dos seus investimentos em matéria de segurança e saúde no trabalho.
"Todos os nossos trabalhos mostram que quanto mais os locais de trabalho oferecem sãs condições, mais têm tendência a aumentar a produtividade" sublinha Jukka Takala, director da OSHA.
No caso dos nossos vizinhos, os valores são de 27 e 52 % em França, 24 e 54 % na Bélgica e 32 % na Alemanha e, na UE, os valores são de 28 e 47 %.
Entre os 27 estados-membros participantes no estudo, a Lituânia apresenta os valores mais alarmantes (91 %) enquanto que Malta apresenta a taxa mais moderada (61 %). Neste quadro, a OSHA classifica o Luxemburgo em 8o lugar entre os países cujos inquiridos estimam que a pouca saúde das pessoas é causada pelo emprego que têm.
A OSHA explica este facto considerando que num país que tem um nível de vida tão elevado, as pessoas esperam condições de trabalho também satisfatórias, o que, concretiza a OSHA, não é o caso para uma maioria dos trabalhadores. As expectativas são mais elevadas que no passado e "o trabalho não tem apenas a função de sobrevivência".
Por outro lado, indica a agência OSHA, "há uma preocupação generalizada entre os cidadãos europeus de que a actual crise económica possa ter um impacto negativo na segurança e saúde no trabalho, pondo em risco as melhorias que se registaram nos últimos cinco anos".
Quando inquiridos sobre os factores decisivos para escolherem um novo emprego, "os cidadãos da União Europeia crêem que a segurança no emprego e o nível salarial são mais importantes do que as condições de trabalho seguras e saudáveis, que ocupam o terceiro lugar na sondagem, logo atrás do horário de trabalho".
É de realçar que 65 % dos inquiridos no Luxemburgo consideram que nos últimos cinco anos, as condições de saúde e de segurança melhoraram bastante (11 %) ou substancialmente (54 %), colocando o país em 10o lugar. Os homens têm uma opinião mais positiva do que as mulheres (67 % contra 65 %), mas esta diferença de opinião cresce ao nível europeu (62 % para os homens contra 52 % para as mulheres).
"Os riscos para a segurança e a saúde das mulheres no local de trabalho têm tendência a ser subestimados" declarou Takala, que denuncia "o número desproporcionado de mulheres que acumulam dois horários" (um no trabalho, outro em casa) e lamenta "a focalização mais importante nos acidentes de trabalho em detrimento da saúde no trabalho", o que conduz a prestar sobretudo atenção aos sectores de predominância masculina.
Ao mesmo tempo, no Luxemburgo, os cidadãos mostram-se relativamente menos preocupados que os outros companheiros europeus em relação à deterioração das suas condições de trabalho devido à crise económica. Cerca de 54 % dos cidadãos no Luxemburgo estão preocupados com a deterioração das condições de trabalho, contra 57 % dos alemães, 67 % dos belgas ou ainda 72 % dos franceses. Neste quadro, são os portugueses (75 %), os gregos (80 %), os eslovenos e os lituanos (83 %) que exprimem as queixas mais fortes (ver caixa sobre o caso português). Se os luxemburgueses identificam mais que as outras nacionalidades a sua actividade profissional como uma das causas da sua saúde deficiente, 70 % destes cidadãos considera-se "bem" ou "muito bem informados" sobre esses riscos. Em todo o caso, mais informados que a média europeia (8o lugar igualmente).
No Grão-Ducado, quem procura emprego dá uma importância particular às condições de saúde e segurança no trabalho, mas é o nível salarial e a segurança no emprego que estão em primeiro lugar.
Só os holandeses colocam as condições de saúde e segurança no primeiro plano das suas preocupações.
Num comentário aos resultados da sondagem, o director da Agência Europeia para a Saúde e Segurança no Trabalho, Jukka Takala, considera que "a crise financeira pode levar as organizações a ignorar ou minorar a importância da segurança e saúde no local de trabalho". Há "ainda o risco de as empresas ponderarem a redução do investimento na segurança e saúde no trabalho". Para a agência, o desafio consiste em "convencer as empresas de que não faz sentido obter ganhos de curto prazo à custa de problemas a longo prazo".
Cristina Campos
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