segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tragédia num estaleiro de construção: Acidente num túnel em Andorra vitima cinco trabalhadores portugueses

Cinco trabalhadores portugueses morreram e outros seis ficaram feridos, no sábado, quando trabalhavam nas obras do túnel de Dos Valires, em Andorra. Os trabalhadores ficaram soterradas quando parte da estrutura se desmoronou ruiu a ponte exterior que liga a estrada principal à boca do túnel de Dos Valires, que une as localidades de Encamp e La Massana. As obras deveriam estar concluídas no próximo ano.

Fernando Pereira, um dos portugueses feridos sábado em Andorra, recorda que o acidente "foi muito rápido e confuso", encontrando-se agora a recuperar de uma cirurgia em Barcelona e com vontade de dizer à mulher e três filhos que está bem.

Residente em Andorra há mais de um ano e a trabalhar para a empresa Unifor, Fernando Pereira ficou ferido com gravidade quando parte da estrutura da obra do Túnel Dos Valires desabou, tendo sido transferido do Principado para o Hospital Vall d’Hebron.

À chegada ao hospital catalão, apresentava um traumatismo craniano e maxilofacial. Foi operado sábado à noite de urgência na unidade de Traumatismo e neste momento está fora de perigo, apesar de o seu prognóstico ser considerado grave.

Em declarações à Lusa, Fernando Pereira disse que a plataforma cedeu quando os trabalhadores se prontificavam para deitar o betão sobre o tabuleiro.

“Foi tudo muito rápido e muito confuso. Não tive tempo de ver nem ouvir nada. Senti como me doía a cabeça, o ouvido e a perna direita”, descreveu a vítima, que se encontra instalado num quarto com mais um doente.

O trabalhador português, de 40 anos, originário do concelho de Baião, lembra-se que quando parte do túnel desabou ele usava o capacete de segurança e começou a ouvir muitos gritos.

"Eu estava em cima do tabuleiro. Tinhamos estado a encher uns tubos e devia ser perto do meio-dia. De repente, ouvi um estoiro e caiu tudo. Senti dores na cara, nas costelas, no ouvido, na perna e braço direitos", descreveu.

Fernando Pereira lembra-se ainda de ter ouvido os seguranças da obra a falar com ele, e a informá-lo de que os bombeiros estavam a chegar para o retirar dos escombros.

Na altura do acidente não pensou no pior: "Estava à espera do que Deus quisesse. Mas não pensei que ía morrer porque sou muito novo", comentou.

A viagem de ambulância para Barcelona tornou-se eterna, “parecia que nunca mais tinha fim”, tendo em conta que sentia "muitas dores”.

A intervenção cirúrgica, disse, “correu bem”, agora “é preciso ver a recuperação que os médicos dizem que vai demorar um bocadinho”.

“Ninguém se pôs em contacto comigo por parte da empresa”, disse Fernando Pereira, mas já foi visitado no hospital pelo cônsul de Portugal em Barcelona, Bernardo Fuscher Pereira.

Fernando Pereira, cujo telefone no quarto do hospital não pára de tocar, já falou hoje com a família, a mulher e os três filhos.

O desabamento na obra aconteceu no sábado ao meio-dia, hora local, e do acidente resultaram cinco mortos e seis feridos, todos portugueses.

Hoje, o presidente do Governo de Andorra, Jaume Bartumeu, visitou o local da tragédia e o Hospital Nostra Senyora de Meritxell acompanhado por um dos chefes de Estado do país, o co-príncipe episcopal.

Jaume Bartumeu disse aos jornalistas que a “obra está parada” e que já está existe uma investigação judicial para averiguar as causas do acidente.

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