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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Amália Rodrigues 1920-1999 - "A VOZ DE DEUS EM PORTUGUÊS"





Amália Rodrigues morreu há dez anos, mas os seus fados e a sua voz continuam bem vivos. Na passagem de mais um aniversário da sua morte, várias iniciativas, um pouco por todo mundo, ajudam a eternizar o mito daquela que é sem dúvida a melhor cantora portuguesa de sempre.

O exercício é simples: uma pesquisa, no motor de busca do Google, com o nome da fadista portuguesa, "Amália Rodrigues", encontra cerca de 800 mil resultados. Se se optar por por uma busca só com o nome da diva do fado, aí os resultados sobem para mais de dez milhões de referências. É Amália Rodrigues, a "grande senhora do fado" e "embaixadora de Portugal" no mundo inteiro, que faleceu na sua casa, aos 79 anos, em Lisboa, no dia 6 de Outubro de 1999.

A divã do fado esteve no Luxemburgo, pela última vez, em Janeiro de 1993. Encheu o Teatro Municipal do Luxemburgo, na altura a principal sala de espectáculos da cidade.

Ao CONTACTO, Amália dizia "quero que as pessoas chorem muito quando eu morrer, senão venho lá de cima e prego uma bofetada em cada um. Gostava que tivessem muita pena de mim porque senão acho que não valeu a pena...".




E o desejo cumpriu-se. No dia do funeral da fadista, o Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, estava repleto de gente: Presidente da República, Governo, amigos, familiares, colegas de trabalho e muitos, muitos anónimos que não quiseram faltar à última homenagem à rainha do Fado.

O primeiro-ministro da altura decide decretar três dias de luto nacional em virtude do falecimento da fadista. António Guterres sublinhava então que "há figuras que são símbolos de um povo. Amália Rodrigues ficará na História de Portugal como um dos símbolos mais marcantes do Povo Português".

DAS RUAS DE LISBOA PARA OS PALCOS DO MUNDO

Amália da Piedade Rodrigues nasceu em Lisboa, filha de pais naturais da Beira Baixa radicados na capital.

Educada pela avó, cantou pela primeira vez em público em 1929, numa festa da Escola Primária da Tapada da Ajuda, e brilha. Aos 15 anos, a fadista exibe-se numa festa de beneficência, com o tio à guitarra. Três anos depois estreia-se no Retiro da Severa."Na minha estreia, em 1939, no Retiro da Severa, levava um vestido amarelo às riscas verdes, com um peitilho. Recordo-me perfeitamente do medo que senti nessa noite, porque ainda é igual ao medo que sinto hoje, sempre que vou actuar."

Amália pisou ainda os palcos do teatro de revista : "Ora Vai Tu!" em 1940, no Teatro Maria Vitória, "Se aquilo que a gente sente", em 1947, ao lado de Vasco Santana e António Silva. No cinema estreou-se a 16 de Maio de 1947 com o filme "Capas Negras", de Armando Miranda, que bate todos os recordes de exibição, com 22 semanas consecutivas em cartaz no cinema Condes, em Lisboa. Mas o seu destino estava marcado para outros palcos.

Em 1943 canta pela primeira vez fora de Portugal. Madrid é a sua primeira experiência no estrangeiro; em 1952 chega a Nova Iorque; em 1956, estreia-se no mítico Olympia, em Paris. Rio de Janeiro, S. Paulo, Tóquio, Londres, Roma, um pouco por todo o mundo, Amália haveria de tornar Portugal conhecido e em toda a parte o público rendia-se à voz da fadista.

"Eu não fiz nada para ter esta voz. Então, por que é que a tenho? Alguém ma deu. Acredito em Deus mesmo que não haja Céu" (Revista do DN, 25 de Agosto de 1985, citada pelo DN de domingo).

Em 1998 o jornal "O Independente" entrevistou a artista e chamou-lhe a "A voz de Deus em Português", uma entrevista que viria a ser reproduzida logo após a morte da fadista.

UMA SEMANA PARA RECORDAR

Dez anos após a morte, Amália Rodrigues continua bem presente nas recordações daqueles que guardam as memórias da fadista.

O site do Museu do Fado garante que a fadista vai ser recordada, esta semana, em Itália, no Brasil e em Paris.





Na capital francesa, o nome da artista portuguesa vai vai passar a estar ligado à cidade parisiense.

No Brasil, os dez anos da morte de Amália Rodrigues vão ser assinalados no próximo domingo, das 8 às 10 horas, pelo programa "Portugal Sem Passaporte".

Em Itália, ontem, dia do décimo aniversário da morte da fadista que em Roma se tornou um ponto de referência para quem quer ouvir o fado, Amália Rodrigues foi recordada com um concerto no auditório do Museu de Instrumentos Musicais, Piazza Santa Croce, em Gerusalemme, por iniciativa de um grupo de artistas.

Depois há Lisboa, a cidade eternamente amada por Amália – que recusou viver nos Estados Unidos, porque não tinha Lisboa.

Durante esta semana, exposições debates, concertos, há de tudo na cidade branca para assinalar Amália, uma voz que não morre.

E a prová-lo estão os mais de 40 mil álbuns vendidos do projecto "Amália Hoje", um sucesso de vendas que se encontra no top nacional de músicas desde o seu lançamento, a 27 de Abril, boa parte do tempo em primeiro lugar; e o sucesso estrondoso de bilheteira do filme sobre a vida da fadista. A RTP transmite esta noite o segundo e último capítulo da minisérie dedicada à diva. TEXTO: Domingos Martins FOTOS ARQUIVO CONTACTO


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