A ministra da Educação luxemburguesa, Mady Delvaux-Stehres, apresentou recentemente o novo sistema de avaliação na Escola Fundamental (anteriormente denominada "ensino pré-primário" e "primário"). A questão pertinente para os pais é de saber como é que o aluno vai ser avaliado e quais são os resultados práticos desta mudança.
O Governo garante que este novo sistema coloca a tónica na avaliação das competências do aluno, em vez da avaliação do desempenho, típica do sistema de ensino anterior caracterizado pela atribuição de notas a partir de uma média nos testes e pelo conhecido boletim trimestral.
"Um dos principais objectivos da nova abordagem de avaliação é motivar o aluno para trabalhar e esforçar-se. Por isso, é preciso criar instrumentos de avaliação que dêem uma imagem mais clara do que o aluno realmente sabe fazer e dos progressos que fez ao longo do ciclo de aprendizagem", sublinhou na altura Mady Delvaux-Stehres, a ministra da Educação Nacional.
Avaliação das competências
Para o professor poder avaliar os progressos do aluno, o Ensino Fundamental está organizado em função do trimestre e não do fim do ano e baseia-se sobretudo no desenvolvimento de competências.
A partir de agora, os alunos são avaliados em disciplinas como alemão, francês, luxemburguês, matemática, ciências, expressão corporal, psicomotricidade, desporto e saúde, e para cada uma dessas disciplinas estão definidos objectivos que cada aluno deverá atingir ao longo de dois anos, ou seja, ao longo de um ciclo. Espera-se que no final desse ciclo, o aluno tenha desenvolvido um conjunto de "competências específicas" de cada uma das disciplinas.
Paralelamente, os pais recebem ainda informação sobre as "competências transversais" dos seus filhos adquiridas ao longo desse tempo. Estas competências transversais mostram, entre outros aspectos, a atitude do aluno perante o trabalho, a sua motivação, o respeito pelos outros ou o cuidado na apresentação dos trabalhos.
As técnicas de avaliação para avaliar estas competências podem ser desde trabalhos realizados na sala de aula a testes de papel e lápis, a análise de trabalhos realizados, passando pela observação do aluno nas diferentes actividades de aprendizagem, mas pode ainda compreender outro tipo de informação que o professor achar pertinente.
O balanço das aprendizagens
Os pais ou os encarregados de educação são informados regularmente (trimestralmente e no final de cada ciclo) sobre as aprendizagens dos seus filhos. Esta informação é fornecida com a ajuda de dois instrumentos utilizados em dois momentos do ciclo:
– O balanço intermédio ("bilan intermédiaire") do desenvolvimento das competências do aluno, estabelecido trimestralmente
– O balanço de fim de ciclo ("bilan de fin de cycle"), definido no final de cada ciclo.
"Os balanços são instrumentos que devem motivar os alunos, não o contrário", defendeu a ministra. A responsável pela pasta pela Educação defende que este tipo de avaliação tem uma função positiva, no sentido que estabelece desde muito cedo um contacto mais próximo entre a equipa pedagógica e a família, o que pode ajudar a melhorar ou resolver certos problemas que sujam com uma criança.
De referir que nestes balanços não são atribuídas classificações: baseiam-se em níveis de competências que o aluno deverá desenvolver durante o ciclo e que estão definidas no plano de estudos.
O sistema anteriormente em vigor era baseado na avaliação do desempenho do aluno que se traduzia na atribuição de uma classificação (uma nota). Ora esta classificação era baseada a maior parte das vezes no cálculo da média das classificações obtidas nos testes.
De acordo com o novo sistema de avaliação, as notas do boletim trimestral não informam sobre a progressão do aluno. Um aluno que obteve, por exemplo, 50 pontos no primeiro trabalho, 30 no segundo e 10 no terceiro, tem uma média trimestral de 30 pontos. Ora, um outro aluno que obteve primeiro 10, depois 30 e em seguida 50 pontos tem exactamente a mesma média no boletim. A mesma nota final não significou, no entanto, a mesma progressão.
Pelo contrário, os balanços intermédios propostos agora por este sistema de avaliação pretendem mostrar, para cada competência definida, a progressão do aluno de um trimestre para outro. No final de cada trimestre, o professor deverá comparar o nível de competências efectivamente atingido pelo aluno com os objectivos do nível de competências. Desta forma, os pais do aluno poderão saber se o aluno deverá ainda desenvolver esforços para atingir o nível de competências, se já o atingiu ou se progrediu de forma excepcional.
Estes balanços são entregues aos pais no decorrer de uma reunião individual com o professor. Nessa reunião, o professor deverá explicar aos pais onde se situam as competências dos filhos em relação ao nível de competências previsto para o seu ciclo de ensino.
Neste ano lectivo, entraram em vigor os balanços intermédios nos ciclos 1 e 2. No ciclo 2, estes balanços substituem o boletim tradicional. Nos ciclos 3 e 4, mantem-se o boletim tradicional em 2009-2010. O balanço intermédio será introduzido em 2010-2011 no ciclo 3 e em 2011-2012 no ciclo 4.
O balanço de fim de ciclo será utilizado já neste ano lectivo para os quatro ciclos da escola fundamental.
Texto: Cristina Campos
Foto: Guy Jallay
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