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quarta-feira, 28 de março de 2012

Licenciada em Comunicação Social é mulher da limpeza no Grão-Ducado

Cristel Sousa e Ivo Lopes chegaram ao Luxemburgo no dia 10 de Fevereiro. Ambos são licenciados em Comunicação Social e iniciaram um mestrado na mesma área na Universidade de Trás-os-Montes. Três dias depois de terem chegado ao Grão-Ducado, ela já estava a trabalhar nas limpezas. "Eu fui-me inscrever numa empresa de limpezas aqui no Luxemburgo, e no dia da minha inscrição perguntaram-me logo se eu podia começar nesse dia. Eu disse que sim. Tiraram-me uma fotografia para o cartão, entregaram-me a bata, e às seis horas da tarde fui trabalhar, a limpar escritórios", conta Cristel ao CONTACTO.

Ganha dez euros à hora e trabalha no turno da noite, das quatro da tarde às dez da noite. Não é o emprego com que sonhou quando resolveu imigrar, mas é muito melhor do que o que tinha em Portugal – ou seja, nada. "Em Trás-os-Montes não há empresas de limpeza, e mesmo que houvesse não nos pagariam a mais de cinco euros", diz Cristel.

O namorado demorou mais tempo a encontrar trabalho, mas também já conseguiu. É ajudante de cozinha numa creche no Luxemburgo. Com os contratos de trabalho na mão, os dois já puderam inscrever-se na comuna de residência e na ADEM, o equivalente aos Centros de Emprego em Portugal.

No último trabalho que tiveram antes de vir para o Luxemburgo, tiveram de "emigrar" de Trás-os-Montes até Lisboa. Foram contratados por uma empresa de "call-center", fizeram uma formação durante cinco dias, e na altura de começarem a trabalhar a empresa que tinha encomendado o serviço anulou o contrato. Cristel e Ivo já tinham alugado um quarto em Lisboa, mas rapidamente fizeram as malas e regressaram a Valpaços.

No final da licenciatura fizeram um estágio curricular numa empresa de Vila Real. A promessa era que depois teriam a oportunidade de efectuar um estágio profissional, mas tal nunca aconteceu.

As habilitações académicas de ambos, ora eram demais, ora faltava a experiência profissional. "As pessoas tinham medo de nos dar trabalho com o mestrado. Diziam-nos que tínhamos habilitações a mais. Às vezes diziam que nos faltava a experiência, e por isso nunca conseguíamos arranjar trabalho na nossa área. Um dos últimos trabalhos que tive foi a servir casamentos, das oito da manhã às duas da manhã, e no fim recebia 40 euros. Aqui no Luxemburgo, a limpeza não é o meu sonho, e é evidente que não estamos contentes. A família que temos aqui disse-nos que seria fácil arranjar trabalho, mas eu ainda nem sequer recebi uma marcação de entrevista. Eu não tinha a noção de que a situação fosse tão complicada. Pensei que seria mais rápido, e neste momento não sei se fico no Luxemburgo ou não".

Os dois jovens portugueses têm família no Luxemburgo, imigrantes há muitos anos, ligados ao sector da construção civil e às limpezas. A família tem servido de rede a Cristel e Ivo. Estão a morar num apartamento da família que está a venda, e enquanto não há comprador, os primos deixam-nos viver lá.

Ela é filha de imigrantes portugueses em França, país onde viveu até aos dez anos de idade. Ele nasceu no Luxemburgo, país para onde os pais imigraram há muitos anos. Ela domina perfeitamente o francês. Ele fala menos bem a língua de Molière, e nem por ter nascido no Luxemburgo consegue falar luxemburguês. A escola que frequentou em Esch, há vinte anos, não o obrigava a falar a língua nativa do país.

Com família em França, Cristel põe a hipótese de tentar a sua sorte no país vizinho. "Eu tenho uma tia que trabalha num supermercado e disse-me que me arranjava trabalho ao pé dela, mas se for para fazer limpezas, não sei....".

Para já, Cristel passa o dia a enviar currículos e a frequentar feiras de emprego, como a "Moovijob", que decorreu no início do mês de Março, na capital. Mas nem aí teve sorte.

Texto e  foto: Domingos Martins

sábado, 3 de março de 2012

Portugal: Número de licenciados a emigrar aumentou quase 50 %

Foto: Lusa
O número de licenciados desempregados que anulou a inscrição nos centros de emprego para emigrar subiu 49,5 % entre 2009 e 2011, de acordo com os registos do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

O número de licenciados é reduzido face ao total de trabalhadores que decidiram emigrar, segundo os registos do IEFP, mas sugere que a opção pelo estrangeiro está cada vez mais em cima da mesa dos trabalhadores mais qualificados que se encontram numa situação de desemprego.

Em 2011, a emigração justificou o fim da inscrição de 1.893 desempregados licenciados (contra os 1.266 registados em 2009), de um total de 22.700 trabalhadores que deixaram de estar inscritos no IEFP porque decidiram aceitar ofertas de trabalho no estrangeiro.

Para Octávio Oliveira, presidente do IEFP, a saída de trabalhadores para o estrangeiro tem sido constante nos últimos anos e resultado de um mercado de trabalho cada vez mais globalizado. A divulgação de ofertas de emprego no espaço europeu e a cooperação dos serviços públicos de emprego tem aliás sido uma das prioridades na União Europeia, reforçou.

De acordo com os dados do instituto, a maioria dos desempregados que optam por emigrar têm entre 35 e 54 anos (55,2 por cento) e possuem habilitações escolares ao nível do ensino secundário (24,3 por cento).

Entre os grupos de profissões com mais trabalhadores a emigrar, estão os operários, artífices e trabalhadores similares (20,4 por cento do total), pessoal dos serviços de protecção e segurança (12,3 por cento) e os trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio (10,5 por cento).

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Jovens licenciados estão a emigrar para o Luxemburgo" , diz o conselheiro social da Embaixada de Portugal no Luxemburgo

Foto: Marc Wilwert
O Luxemburgo está a acolher uma nova vaga de imigrantes portugueses, muitos deles jovens com formação superior. Numa altura em que um terço dos desempregados no Grão-Ducado são portugueses, Carlos Correia, conselheiro social da Embaixada de Portugal no Luxemburgo, garante que "há uma nova vaga de emigração para o Luxemburgo".

Numa conferência que decorreu no Porto, sobre os "Fluxos migratórios da emigração portuguesa", Carlos Correia afirmou ainda que a nova vaga de emigrantes já levou a coordenadora dos serviços sociais da autarquia da cidade do Luxemburgo a afirmar publicamente que "há mais portugueses a chegar por causa da crise e por não encontrarem trabalho em Portugal".

O responsável deu ainda conta dos vários pedido de ajuda que a embaixada e o consulado geral "recebem diariamente emails de jovens licenciados em medicina, enfermagem, advocacia, engenharia e economia", que residem em Portugal ou já no Luxemburgo, a solicitar apoios e informações sobre o ingresso no mercado de trabalho luxemburguês. Tudo isto numa altura em que "o desemprego tem crescido" no Luxemburgo.

Segundo Carlos Correia, a 30 de Setembro, "4.647 portugueses encontravam-se desempregados", representando "31,8 % dos desempregados no Luxemburgo".

O conselheiro da embaixada diz que o Luxemburgo acolhe, em média, cerca de 2.300 portugueses por ano, o que levou o ministro do Trabalho do grão-ducado a afirmar em finais de Outubro, que aquele país "já não é o 'eldorado".