Portugal e Costa do Marfim “empataram-se” hoje (0-0) na ambição de chegar aos “oitavos” do Mundial de futebol de 2010, numa abertura do Grupo G aquém das expetativas e em que os prudentes lusos revelaram grandes dificuldades.
Ambas as equipas revelaram durante demasiado tempo (primeira parte) mais receio de perder do que ambição e determinação para ganhar.
Um dos mais aguardados espetáculos da primeira jornada ficou, assim, prejudicado, pois os conjuntos têm potencial para bem mais e melhor: a Portugal exigia-se paciência no ataque, mas a verdade é que a teve mais a defender, sentindo muitos problemas para criar desequilíbrios na frente.
A Costa do Marfim, de Sven-Goran Erikson, revelou-se um poderoso oponente, à base de jogadores de grande compleição física e dotados de uma técnica avançada, que lhes permitiu assustar mais vezes e esconder a bola dos “navegadores”.
Para a estreia, Carlos Queiroz apostou no habitual sistema “4x3x3” com uma nova “asa” esquerda composta por Danny e Fábio Coentrão, que “sentaram” no banco os habituais titulares Simão e Duda, respetivamente.
Na Costa do Marfim, Erikson, que fez a equipa alinhar em modelo semelhante, destacou-se a ausência de Didier Drogba, a recuperar de uma lesão no braço direito.
Demasiado receio em jogo de estreia
Quando duas equipas revelam demasiado respeito pelo adversário, o produto final ressente-se: na primeira parte sobrou luta, longe das áreas, mas faltou a emoção e o espetáculo.
Portugal apenas se “mostrou” uma vez, numa “bomba” de Cristiano Ronaldo (11 minutos), a 30 metros, devolvida pelo poste direito, mas, depois de controlar, foi desaparecendo progressivamente, não voltando a incomodar.
Inicialmente fechada, a Costa do Marfim foi-se libertando – sem nunca perder rigor e agressividade defensivas – e chegou mais vezes perto da baliza lusa, começando em remates de Siaka Tiene (14 minutos) e Ismael Tiote (17), que erram o alvo.
Os pupilos de Queiroz corriam mais quilómetros, mas já não conseguiam segurar a bola, nem aproximar-se da área: as equipas eram muito rígidas e não concediam espaços.
Tapados ao intervalo os muitos buracos na relva, foi a Costa do Marfim a surgir mais perigosa com Gervinho (47 minutos) a obrigar Eduardo a defesa para canto, na sequência do qual Tiote, sozinho na área, foi incapaz de cabecear para o golo. Gervinho assustou mais duas vezes, mas sem sucesso.
Portugal também parecia mais rápido e afoito, mas foi Eduardo novamente atento a segurar remate de Kalou (54 minutos), à entrada da área: no minuto seguinte, Simão rendeu Danny (55) e Tiago ocupou o lugar de Deco (62), mas foi a entrada de Drogba (66) que levou o estádio ao rubro.
O jogo estava mais bonito, partido e aberto, Portugal ia chegando à área, mas continuava com problemas para criar perigo, limitando-se a remates inconsequentes de Raul Meireles (71 e 78 minutos) e a um livre de Cristiano Ronaldo (80).
No fim, Portugal, já com o estreante Ruben Amorim no lugar de Raul Meireles, tremeu, principalmente quando Drogba surgiu em posição privilegiada para marcar, mas fez o impensável e, em esforço, acabou por chutar para o lado.
Cristiano diz que foi "falta de sorte"
Cristiano Ronaldo, eleito o melhor hoje em campo, falou em “falta de sorte”, após o empate com a Costa do Marfim.
“Acho que a equipa esteve bem. Não ganhámos porque não tivemos sorte”, disse Ronaldo.
“Perdemos margem de erro? Não, está tudo em aberto e temos de continuar assim”, frisou.
Sobre o jogo, o extremo luso disse que “a Costa do Marfim teve medo de Portugal”.
“Sabíamos que a Costa do Marfim não ia atacar muito. Alargaram o jogo na segunda parte, mas estavam com medo de nós”, sintetizou.
Queiroz: "Não quisemos correr muitos riscos"
Carlos Queiroz, considerou hoje “justo” o empate com a Costa do Marfim. Queiroz disse que “Portugal assumiu sempre o jogo”, enquanto a “Costa do Marfim só tentou defender e sair em contra-ataque”.
“O empate acaba por ser justo. Portugal dominou e controlou o jogo e foi a equipa que apresentou mais vontade de ganhar. É um resultado justo”, disse Queiroz.
O seleccionador português explicou que a ideia lusa era não “correr muitos riscos na primeira parte” e tentar depois “aparecer nas costas dos defesas adversários”.
“A Costa do Marfim resguardou-se no primeiro tempo e apareceu depois mais fresca na segunda parte. Fizemos um jogo inteligente, contra uma equipa que procurou sempre defender”.
Queiroz quer agora “vencer a Coreia do Sul”, a 21 de junho, da mesma forma “que queria vencer hoje”.
Do lado da Costa do Marfim, Eriksson elogiou o trabalho defensivo da sua selecção e explicou que, agora, é “fundamental” vencer o Brasil.
“Sabíamos que este grupo era muito difícil e que o sorteio tinha ditado esta sequência de jogos. Vamos continuar a trabalhar e esperar o apuramento”, disse Eriksson.
Foto: Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário