"A lua no teu umbigo", de Alberto Riogrande, conquista top de vendas da Fnac em Portugal
Alberto Riogrande é um pseudónimo. Quem se esconde por detrás do "nom de plume" do autor de "A lua no teu umbigo", uma colectânea de poemas de um ex-imigrante português no Luxemburgo, que chegou ao top de vendas na Fnac, não se sabe.
Tudo o que Alberto Riogrande aceita revelar, ao telefone com o CONTACTO a partir de Portugal, cabe no espaço de uma bandana. Nasceu e estudou em Coimbra (o pseudónimo "Riogrande" é uma homenagem ao rio Mondego, que na época das cheias é conhecido por "Bazófias" – uma imagem que se recorda de ver, em miúdo, pela janela do quarto dos pais); trabalhou no café Interview, na capital, há 20 anos, quando interrompeu os estudos universitários e passou "uns meses largos no Luxemburgo, sem papéis, sem documentação, sem nada"; ainda cá tem um irmão, que é hoje "um profissional liberal bem sucedido"; e antes de voltar a Portugal, onde é professor na área das Humanidades, viajou pelo Norte de África, esteve a apanhar fruta na Provença e ao balcão de uma pastelaria em Paris, e a "viver uma intensa e devastadora paixão" nos Balcãs.
O livro que publicou no final de 2010, uma colectânea que reúne 53 poemas, todos "sobre o amor e a paixão", teve um sucesso que surpreendeu até o seu editor.
"O livro foi o mais vendido na Fnac em Portugal, em Outubro e Novembro de 2010, e esgotou na maior parte das livrarias Bertrand. O que foi uma enorme surpresa para o meu editor. Um livro de poesia, sem promoção absolutamente nenhuma, de um autor desconhecido... Em Portugal só se publicam autores consagrados, e mesmo esses vendem pouco. A poesia vende pouco", diz.
Mas apesar da insistência do editor, recusou todas as oportunidades para promover o livro: disse não às sessões públicas de lançamento, às assinaturas de autógrafos e entrevistas, tudo porque é "uma pessoa muito recatada" e tem dificuldades em falar de si próprio. E só se decidiu a publicar depois de um colega da escola onde ensina ter lido alguns dos seus poemas e o instar a tirá-los da gaveta.
"Eu sei que hoje publicar e não se autopromover é uma idiotia, vai contra o espírito actual dos tempos. Daí o meu editor considerar que este livro é um caso muito sério: chegou onde chegou, de um indivíduo que ninguém conhece...".
Um caso sério é também o cuidado com que preserva o anonimato: criou um email com o pseudónimo para enviar comunicados à imprensa, distribuiu informação a conta-gotas – "nem o meu editor sabe exactamente em que Faculdade estudei, porque não quero ser identificado", desculpa-se quando tentamos saber mais –, e usa um cartão anónimo de telemóvel "especialmente para estas entrevistas".
"Pode ser que um dia divulgue a minha identidade", diz.
Até lá, Alberto Riogrande vai continuar a escrever, e tem mais um livro na calha, que deverá sair no final do ano.
Paula Telo Alves
Adorei este livro. Amarra o leitor do princípio até ao fim.
ResponderEliminarVou esperar pelo próximo lançamento do autor.
Maria