A actriz Sarito Rodrigues (à esq.) já está no Luxemburgo para participar no Brazil Film Festival. Ao lado, Pieca Levy, organizadora da mostra, e o casal Niky Shillinglaw e Ana Cláudia, ambos da associação Made in Brazil Foto: Á. Cruz
O Brazil Film Festival arranca segunda-feira com a melhor e mais recente produção cinematográfica brasileira. A mostra é um convite para descobrir um país que representa muito mais que os clichés do samba, sol, praia e futebol. Sarito Rodrigues, uma das actrizes do filme de abertura, já está no Luxemburgo.
OLuxemburgo acolhe pela primeira vez um festival de filmes brasileiros. O Brazil Film Festival, dirigido pelo cineasta brasileiro Alex Heller, arranca na próxima segunda-feira no cinema Utopia, na capital, e prolonga-se até 27 de Outubro (quinta-feira).
O festival apresenta quatro filmes contemporâneos que já participaram em certames cinematográficos internacionais na Austrália, Estados Unidos, Portugal, Escócia e Nova Zelândia, com assinalável sucesso. "5x Favela, agora por nós mesmos", "Dzi Croquettes", "Tamboro" e "Lula, o filho do Brasil" são os filmes do programa.
Pieca Levy é uma das grandes responsáveis pela organização do evento. Para a brasileira radicada na Bélgica, a realização deste festival "vai mostrar ao público o verdadeiro país que nós somos". "A evolução do Brasil no panorama internacional a nível económico, político e cultural nos últimos anos tem sido extraordinária. Mas muitas pessoas ainda estão agarradas aos clichés mais vulgares de que o Brasil é o país do samba, sol, praia e futebol", explica.
"O leque de filmes deste festival vai mostrar uma realidade mais concreta do país. No Brasil existe uma interculturalidade bastante acentuada. Somos um país em franca expansão. Além da ideia que as pessoas fazem normalmente dos brasileiros, queremos mostrar às pessoas a nossa verdadeira realidade. Existem outras coisas boas e interessantes a todos os níveis. É essa imagem que queremos passar com o festival", sublinha Pieca.
Sarito Rodrigues interpreta uma das personagens do filme "5x Favela, agora por nós mesmos", e já está no Luxemburgo para participar no festival. Para a actriz carioca que recentemente terminou cursos de teatro na Dinamarca e Itália, "o Brazil Film Festival é uma oportunidade fantástica de poder mostrar na Europa o que vem acontecendo no cinema brasileiro". "Nos últimos anos houve uma evolução enorme em termos quantitativos e qualitativos da produção cinematográfica do Brasil. Esta porta que se abre no Luxemburgo é importante para a divulgação de artistas consagrados e também da nova geração que está a aparecer no nosso cinema", diz a actriz. O filme "5x Favela, agora por nós mesmos, que abre o festival, "é um marco no cinema brasileiro", garante a actriz.
"O cineasta Cacá Diegues subiu ao morro e fez um trabalho muito importante com várias comunidades carentes do Rio de Janeiro, perfeitamente retratadas nas cinco histórias do filme", revela. "Com estes trabalhos cinematográficos, ele possibilitou que muitas das pessoas ali residentes pudessem desenvolver os seus projectos, e hoje continuem a trabalhar de forma mais profissional", explica.
A colecta de fundos para a realização do evento foi "um parto difícil", garante Pieca Levy.
"Batemos a muitas portas que se fecharam, mas felizmente outras se abriram. A Embaixada do Brasil em Bruxelas, o Utopia, a associação Made in Brazil, sediada no Luxemburgo, a TAM, companhia aérea brasileira, a empresa Paul Würth no Luxemburgo e outras pessoas da comunidade brasileira nos ajudaram a tornar possível este nosso sonho, e estamos muito agradecidos a todos", regozija-se Pieca. A organizadora do festival termina com um desafio: "Venham todos ver a qualidade do nosso festival. É através do feedback do público que para o ano poderemos trazer outros filmes".
Á. Cruz (texto e fotos)
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