Foto: M. Dias |
" As pessoas só querem uma vida melhor para si e para os seus filhos", exclamou Jel para uma pequena multidão, maioritariamente composta por portugueses, depois da entrada triunfal do grupo na place d'Armes, na capital.
"A linguagem da luta é universal", continuou o homem do megafone, que passou logo ao português quando se debateu com algumas dificuldades ao falar francês.
Prova da universalidade da linguagem da luta, a mesma que naquele dia se estendeu a toda a Europa (ver artigo infra), foram diversas as línguas com que várias pessoas se dirigiram à multidão. Fosse em português, em francês, em luxemburguês e até em inglês, todas as mensagens passaram pelas questões que têm abalado a Europa: o aumento do trabalho precário; a necessidade de se lutar contra os lobbies financeiros; a subida do custo de vida que coloca muitas famílias em dificuldades; as medidas de austeridade que apertam o cerco aos contribuintes.
Depois de entoarem as habituais palavras de ordem, ao som da sua versão de "O que faz falta", de Zeca Afonso", e também "E o povo, pá", o grupo português despediu-se do ambiente acalorado que se vivia na place d'Armes, mas não sem antes os organizadores do protesto no Grão-Ducado – a Real Democracy e a Attac-Luxembourg – agradecerem a presença "dos amigos portugueses". "Nunca pensámos que se pudesse fazer a luta da indignação com alegria", afirmaram. Em resposta, a praça toda explodiu numa salva de aplausos.
Foto: M. Dias |
Os Homens da Luta cumpriram o prometido e trouxeram a alegria para as ruas do Luxemburgo. Ao abandonarem a place d'Armes, os portugueses presentes seguiram-nos sem hesitar, deixando para trás o espaço, anteriormente repleto, praticamente vazio.
Deixaram-se fotografar em frente ao edifício Cercle Cité e dali seguiram para a Grand-Rue, passando também pela rue du Saint-Esprit. Os transeuntes admiraram-se com o inesperado cortejo que invadiu as ruas do centro da capital de sons altos e cores berrantes. O desfile terminou na Montée de Clausen, onde os Homens da Luta se despediram do grupo de cerca de 40 portugueses que os seguiu, de uma forma quase religiosa, pelas artérias principais da capital do Grão-Ducado. "Camaradas, vemo-nos logo à noite", despediu-se Jel, referindo-se ao concerto que o grupo deu naquela noite por ocasião da festa dos 19 anos da Rádio Latina.
Ao mesmo tempo, um grupo de jovens luxemburgueses, que seguiu os Homens da Luta desde a place d'Armes, comentava entre si a inusitada situação que acompanharam naquela tarde soalheira do último sábado.
Texto: Irina Ferreira
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