O actor Nilton Martins é um dos rostos da exposição. Foto: Paulo Lobo |
"Uma democracia sem valores não é uma democracia, tal como uma piscina sem água não é uma piscina", resume Dario Cieol, do Centro de Documentação sobre as Migrações Humanas (CDMH) de Dudelange e um dos dois comissários da exposição. Cieol refere-se à antiga piscina municipal de Dudelange, agora abandonada, onde os 30 artistas convidados pintaram as frases de ordem que ilustram a sua visão sobre os temas centrais da exposição.
"A piscina foi construída no estilo característico dos anos 60/70, que está associado à época das 'vacas gordas' da indústria metalúrgica no Luxemburgo", explica Paulo Lobo. "O local corresponde a esse período de estabilidade e tranquilidade política e social. O modelo social luxemburguês está desvirtuado, já não é como dantes. O emprego para toda a vida já não existe, por exemplo", ilustra o fotógrafo e chefe de redacção da revista Wunnen.
Os rostos do projecto "são cantores, escritores, actores, realizadores, jornalistas". Entre eles, há caras portuguesas como a do actor Nilton Martins, da jornalista Paula Telo Alves ou de Raquel Barreira, animadora na Radio Latina. Os escritores e poetas luxemburgueses Jean Portante e Antoine Cassar, o realizador luxemburguês de origem egípcia Adolf El Assal, o grupo luxemburguês de hip hip De Läb e a escritora Miriam R. Krüger são alguns dos outros rostos da exposição.
Paulo Lobo (à esq.), Christine Muller e Dario Cieol Foto: I.F. |
"La face cachée des mots" é um espelho da multiculturalidade do Luxemburgo, uma diversidade que, aliás, se reflecte na diversidade de línguas utilizadas pelos convidados: "Não queríamos fazer uma espécie de representação das diferentes comunidades do Luxemburgo. As frases são em diferentes línguas, desde o luxemburguês ao francês, passando pelo inglês, pelo italiano e pelo alemão", diz Dario Cieol.
"Este é um projecto artístico e o papel dos convidados é dizer aos políticos que há coisas que não estão bem e serem objectores de consciência", resume Paulo Lobo.
A exposição é organizada pelo CMDH e pela autarquia de Dudelange, e está patente entre 21 deste mês e 29 de Julho e entre 16 de Setembro e 30 de Outubro, de sexta a domingo, entre as 15h e as 18h.
Texto: Irina Ferreira
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