quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Luxemburgo: O Paraíso dos Reformados

Como vivem os reformados no Luxemburgo? Foi esta pergunta que orientou um estudo do CEPS/Instead (Centro de estudos socioeconómicos do Luxemburgo) compilando dados conhecidos sobre a parte da população que já ultrapassou a idade activa, ou para tal caminha.

O estudo permite traçar conclusões gerais importantes, algumas esperadas: o país está bem fornecido de reformados e as suas condições materiais de vida são, pelo menos, desafogadas. Mas a população abrangida está longe de formar um todo uniforme; além de diferenças de idade – podemos hoje falar de duas ou mesmo três gerações de reformados –, os seus diferentes percursos profissionais explicam diferenças ao nível de rendimentos, saúde ou comportamentos sociais.

Ao todo, cerca de 47 mil pessoas beneficiárias de uma pensão de reforma ou pré-reforma residiam em 2007 em casas privadas. Este número representa mais de 11 % da população do Luxemburgo, mas não inclui pessoas a residir em lares de idosos, por exemplo, nem pessoas que não tenham contabilizado pelo menos 20 anos de descontos, pelo que a percentagem da população fora da idade activa está aqui subavaliada.

Por exemplo, embora mais de metade da população com mais de 60 anos seja feminina, 75 % dos reformados são homens, dado que muitas vezes as mulheres não descontavam tempo suficiente para usufruir de uma pensão.

Reflexo da entrada precoce no mercado de trabalho e/ou da generosidade de um sistema de segurança social que muitos consideram insustentável no futuro próximo, a primeira constatação prende-se com a relativa juventude com que se abandona a vida profissional activa: 46 % dos reformados retiraram-se da vida "produtiva" entre os 55 e os 59 anos (mais de metade já o tinha feito aos 57), 11 % dos reformados atingiram mesmo esse estatuto antes dos 55 anos, 32 % fizeram-no entre os 60 e os 65, apenas 11 % depois desta idade. As mulheres tendem a reformar-se em média dois anos mais tarde do que os homens, devido às pausas na carreira introduzidas para ter e cuidar de filhos; similarmente, os operários também tendem a reformar-se mais cedo, pois também começaram a trabalhar mais cedo nas suas vidas.

O montante médio de uma pensão é de uns interessantes três mil euros brutos. Mas vista de mais perto, a realidade é algo díspar: um quarto dos reformados recebe menos de 1.750 euros, outro quarto entre este valor e 3.000 euros, outro quarto entre 3.000 e 3.700 e finalmente 25 % recebe mais de 3.700 euros – sendo que 66 % deste último escalão mais afortunado são reformados do sector público. Seja como for, apenas 1 % dos entrevistados declararam ter dificuldades a chegar ao fim do mês com a sua pensão, com outros 10 % a considerarem ter as suas finanças à justa. Nada menos que 84 % dos pensionistas são proprietários do seu alojamento, com outros 9 % a acabarem de o pagar na totalidade.

A participação social dos pensionistas luxemburgueses tem vindo a aumentar paulatinamente e isso é visível nas diferentes gerações de reformados, com diferenças importantes de actividades exercidas consoante a idade. No total, 68 % dos reformados envolveram-se em pelo menos uma actividade de lazer em 2007, 46 % destes praticaram uma actividade física regular, 31 % usaram um computador, e apenas 5 % afirmaram não ter contactos sociais frequentes e sentirem-se sós. O estudo completo pode ser consultado em www.ceps.lu , na internet.

Texto: Hugo Guedes
Foto: Marc Wilwert

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