Define-se como um dinamizador e como um idealista. Custódio Portásio é funcionário bancário, militante do PSD, dirigente e animador associativo. O CONTACTO conversou com este homem multifacetado, que faz parte das listas do PSD pelo círculo eleitoral da Europa para as eleições legislativas antecipadas de 5 de Junho, em Portugal.
Custódio Portásio tem 32 anos e, como o próprio diz, "16 anos de actividade associativa". O braço direito no Luxemburgo do deputado social-democrata Carlos Gonçalves acumula diversas actividades, a par com a sua carreira profissional no sector financeiro, trabalhando num banco brasileiro no Grão-Ducado.
Participante activo em associações como a Amizade Portugal-Luxemburgo (APL), a primeira na qual se envolveu quando chegou ao Luxemburgo em 2006, e co-fundador da Confraria dos Financeiros Lusófonos, Custódio Portásio acredita que "uma cidadania activa é a vontade individual de fazer algo pelo bem colectivo". Essa vontade, tem-na traduzido ao longo dos anos de "várias maneiras".
A actividade associativa já a trouxe de Portugal. O seu primeiro projecto associativo em terras lusitanas foi feito de mão dada com a associação "O Ninho", em Lisboa, que tinha em marcha, na altura, um programa de luta contra a pobreza. "Lancei a ideia de um grupo de teatro, que servia como forma de integração em meio rural". Lado a lado com Felisbela Rilhó, fundadora daquela associação, envolve-se no projecto de luta contra a pobreza e dinamiza diversas actividades, e distingue-se por "juntar todas as forças vivas de duas freguesias, a do Poceirão e a de Águas de Moura".
O trabalhar em prol do bem comum parece ser para Custódio uma enorme fonte de realização pessoal. O funcionário bancário define-se como "um idealista" e acha que "vale a pena lutar por ideais".
Hernâni Gomes, dirigente sindical da OGBL e amigo de Custódio, define-o como "alguém que se entrega às coisas", que "faz um trabalho sério" e que "se interessa por grupos que são esquecidos pela classe política". Custódio confessa que tem "um fascínio enorme" por pessoas que pensam "eu quero mudar o mundo", mas tem consciência que a sua contribuição é apenas uma gota num oceano. "O mundo não mudamos; mudamos aqueles que estão à nossa volta. No entanto, não percamos a oportunidade de dar o nosso pontapé. No fundo, é isso que tento fazer: dar o meu pontapé no mundo."
Os pontapés que Custódio dá no mundo têm produzido resultados no Luxemburgo. Aqui co-fundou a Confraria dos Financeiros Lusófonos, em 2008, "por desafio do deputado Carlos Gonçalves e da anterior cônsul, Cristina Almeida". Tornou-se uma iniciativa bem-sucedida, que logo na primeira reunião juntou cerca de 40 pessoas. "A Confraria dos Financeiros é um projecto que se dirige aos lusófonos e aos lusófilos, isto é, dirige-se aos que falam a língua e para aqueles que, não a falando, se interessam pela Língua Portuguesa".
Hernâni Gomes diz que "por onde ele passa, deixa marcas e deixa trabalho". A Confraria é disso exemplo: "Ele desenvolveu um projecto no qual as pessoas podiam debater ideias e deu a conhecer a portugueses o trabalho de outros portugueses".
Adormecida desde Outubro do ano passado, a Confraria vai regressar e com uma novo corpo dirigente. Custódio afasta-se devido ao seu envolvimento nas eleições legislativas. "Temos que criar as nossas crianças, deixá-las crescer e depois dar-lhes autonomia".
SÁ CARNEIRO, O PSD E AS LEGISLATIVAS DE JUNHO
O enorme fascínio que tem por Francisco Sá Carneiro ditou a sua entrada na política. Foi em 1997, no mesmo ano em que entrou para a Universidade. "Eu tinha na altura, e ainda tenho, uma admiração muito especial por Sá Carneiro", conta Custódio Portásio. "Entrei na universidade, cheguei a Lisboa e fui inscrever-me no PSD. Não houve dúvidas."
Custódio, tal como Sá Carneiro, encara a política como motor de mudança da sociedade e defende que a intervenção política deve ser "subversiva". Hernâni Gomes, o seu bom amigo, usa a mesma palavra. "Ele sempre utilizou a palavra subversão, no sentido de ser preciso entrar nos partidos e fazer a mudança de dentro". Custódio quer é trabalhar como sempre fez e não lhe interessa particularmente se está "numa posição elegível" nas listas do PSD para as eleições legislativas de 5 de Junho em Portugal e encara esta luta política como mais um desafio a superar com distinção: "Um desafio que tenho nas próximas semanas é reactivar o PSD no Luxemburgo".
O candidato a deputado social-democrata acha que a actividade política em países como o Luxemburgo, onde há uma vasta comunidade portuguesa, deve estar virada para essa mesma comunidade: "A comunidade portuguesa está acima de tudo, acima dos partidos". E fala da necessidade dos políticos prestarem um serviço efectivo a essas comunidades, até porque "convenhamos, há uma série de estruturas a favor das comunidades que não funcionam".
Hêrnani Gomes acha que "Carlos Gonçalves o escolheu (n.d.r.: Custódio Portásio) porque ele é alguém que tem ideias inovadoras e é uma pessoa incansável, que mostra trabalho, que movimenta as estruturas das quais faz parte", mas receia que o amigo seja engolido pelo sistema: "Se tiver capacidade e força de vontade, se não se deixar influenciar pelo aparelho, pelo sistema", Custódio vai ser uma força transformadora do PSD no Luxemburgo, em prol das comunidades, diz o amigo.
Ávido consumidor de jornais e principalmente de revistas, tanto generalistas como temáticas, Custódio lamenta não ter tanto tempo quanto gostaria para praticar desporto, devido à sua movimentada vida política, e ainda não desistiu de um dia concluir o mestrado em História Contemporânea, vertente de Estudos Económicos, que iniciou na Sorbonne, em Paris.
Texto e foto: Irina Ferreira
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