A Embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo assinala esta noite o 36° aniversário da Independência Nacional, com uma recepção na Abadia de Neumunster, no Grund, na cidade do Luxemburgo, destinada a figuras políticas, culturais e a emigrantes, mas também com muita festa, onde não vai faltar uma grande noite africana.
A festa tem lugar no Centro Cultural Abadia de Neumunster e aí pode ser também vista a exposição dos artistas plásticos Kiki Lima e Alex da Silva, intitulada "Cap-Vert, L’Art Insulaire", patente desde 29 de Junho e até 17 de Julho.
Alex da Silva e Kiki Lima são dois artistas com histórias de vida e percursos diferentes, mas partilham o facto de terem vivido boa parte da sua vida fora de Cabo Verde.
Um pouco por todo o mundo, os cabo-verdianos celebram o dia mais importante da nação (5 de Julho). Contudo, para além do arquipélago, a animação faz-se notar mais em cidades como Roterdão, Lisboa ou Boston, cidades com fortes tradições nesta celebração e outras, fruto do elevado número de residentes cabo-verdianos.
A noite africana começará a ser animada com o grupo nigeriano Dele Sosimi Afrobeat Orquestra, considerado um dos mais activos do afrobea t. Já mais tarde sobem ao palco os músicos cabo-verdianos Beto Dias e Suzana Lubrano para completar o programa cultural.
UMA HISTÓRIA
DE SUCESSO
Cabo Verde comemora o seu 36o aniversário de independência quando se prepara para integrar o grupo dos países de desenvolvimento médio, o que é considerado “um reconhecimento pelo avanço do país”, mas também um desafio a vencer.
O arquipélago, ex-colónia portuguesa que se tornou independente a 5 de Julho de 1975, é considerado um caso de sucesso por muitos países e organizações internacionais, mas ainda enfrenta constrangimentos sérios.
De país sem recursos, vitimado pelas secas durante séculos, afectado por fomes cíclicas e com uma elevada percentagem de analfabetismo, Cabo Verde conseguiu ao longo de 36 anos vencer vários desafios e tornar-se “viável”.
Hoje, o país, em vias de atingir até 2015 os oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, estabelecido pela Organização das Nações Unidas, passou de uma taxa de analfabetismo de cerca de 95 % em 1975 para cerca de 5 % em 2010.
Também na saúde os indicadores reflectem os investimentos feitos e indicam progressos notáveis no combate à pobreza, cuja taxa baixou de 49 % em 1990 para 24 %, estimados em 2010.
A infra-estruturação possibilitou ligar o país com estradas, portos e aeroportos funcionais em quase todas as nove ilhas habitadas.
O turismo continua a ser visto como a principal fonte de riqueza e a base do desenvolvimento nacional, mas o arquipélago está a introduzir as tecnologias de informação e comunicação no seu quotidiano.
Considerado, no contexto africano, como um “caso de sucesso”, Cabo Verde tornou-se num país em transição para o rendimento médio, e é parceiro da União Europeia e membro da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Ao comemorar os seus 36 anos de independência, o arquipélago prepara-se para deixar o grupo dos Países Menos Avançados (PMA) para entrar no grupo dos Países de Desenvolvimento Médio (PDM).
Visto como uma recompensa pelo seu esforço, esta mudança de estatuto é também um desafio, uma vez que ao deixar os PMA, deixa de ter acesso a algumas ajudas ao desenvolvimento e aos empréstimos condicionais, que lhe permitiram os investimentos que o colocaram no caminho do cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
Cabo Verde enfrenta ainda dificuldades na produção de energia e água – em Junho, a Cidade da Praia esteve sem água durante 23 dias -, com o primeiro-ministro, José Maria Neves, a prever que estejam solucionadas em 2012.
O aniversário da independência foi celebrado ontem com uma sessão solene na Assembleia Nacional, com a participação do presidente de Timor-Leste, Ramos-Horta.
Durante a cerimónia discursou o Presidente da República, naquele que foi o seu último discurso à Nação enquanto titular do cargo.
Ao fim de dez anos como chefe de Estado (2001/2011) e outros quinze como primeiro-ministro, Pedro Pires fez o balanço do seu mandato, enalteceu as conquistas do Cabo Verde independente, mas também apontou as fragilidades e os desafios para o futuro.
Redacção/HB/LUSA
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