Ilustração: Alex Torres |
Os números não constam do relatório de 2011 apresentados publicamente esta segunda-feira. Mas Marie Anne Rodesch faz questão de divulgá-los: "Neste momento há sete adolescentes detidos no Centro Penitenciário de Schrassig e mais duas crianças, uma com dez e outra com onze anos. As crianças são de etnia cigana e um juiz mandou-as para a cadeia porque foram apanhadas a roubar numa loja. Como não se sabe quem são os pais dos menores, o tribunal decidiu metê-los em Schraasig até que eles apareçam. Uma atitude inadmissível", diz a provedora dos Direitos da Criança no Luxemburgo.
Para Marie Anne Rodesch-Hengesch estas crianças não têm autorização de residência no país e, segundo o conhecimento que tem destas famílias, "são os pais que obrigam as crianças a praticarem os roubos". A provedora diz que os "pais é que deviam estar na prisão e não os menores".
O Centro Penitenciário de Schrassig é a maior cadeia do Luxemburgo e é lá que estão a cumprir pena todas pessoas que cometeram todo o tipo de crimes. "Não é certamente o melhor local para estas crianças: querem castigá-las, mas elas é que são as vítimas", repete a provedora dos Direitos das Crianças.
Quanto aos sete jovens adolescentes detidos, a provedora dos Direitos da Criança diz que desconhece as causas da detenção, mas adianta que os motivos são sempre os mesmos: roubos, agressões, violações e consumo de drogas.
A detenção dos nove menores em Schrassig viola não só as convenções dos Direitos do Homem e dos Direitos da Criança, que o Luxemburgo ratificou, mas também é uma flagrante contradição com as leis de protecção de menores do país, que proíbem a aplicação de medidas do foro penal aos menores de 18 anos. A falta de estruturas correccionais adaptadas a menores e a detenção destes juntamente com prisioneiros de delito comum é um problema recorrente no Luxemburgo e valeu já ao Grão-Ducado várias "reprimendas" das instâncias internacionais.
Foto: DM |
Planeado desde 1993 – desde que o Comité Europeu para a Prevenção da Tortura denunciou pela primeira vez a detenção de menores com prisioneiros de delito comum - a construção de um edifício especialmente destinado aos jovens detidos no Luxemburgo, ainda não viu a luz do dia. " O internamento de jovens em instituições deve ser o último recurso da justiça e a repressão não deve ser utilizada de forma leviana", diz a provedora dos Direitos da Criança.
No Luxemburgo, segundo os dados da Provedoria dos Direitos da Criança, publicados no relatório deste ano, há mais de quatrocentas crianças e jovens internados em instituições. Mais de mil, por qualquer razão, mas sempre por decisão do tribunal, não vivem com a família. Do total, 85 estavam à data de 1 de Novembro deste ano detidos em Dreiborn e em Shrassig. Um número que já está desactualizado, uma vez que ainda não contabiliza os nove casos agora revelados ao CONTACTO pela provedora dos Direitos da Criança.
Texto: Domingos Martins
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