sexta-feira, 20 de julho de 2012

Portugal: Morreu historiador José Hermano Saraiva

O historiador José Hermano Saraiva morreu hoje de manhã, disse à agência Lusa o assistente do produtor do programa da Videofono feito pelo académico de 93 anos.

Carlos Manuel disse à Lusa que o produtor José Manuel Crespo foi hoje informado por um familiar de José Hermano Saraiva que o historiador tinha morrido hoje em casa, no distrito de Setúbal.

De ministro a grande divulgador da cultura portuguesa na televisãoJosé Hermano Saraiva foi jurista, ministro da Educação e autor da “História Concisa de Portugal”, mas tornou-se conhecido do grande público como apresentador de programas televisivos de divulgação cultural.

O historiador foi agraciado este ano, nas celebrações dos 10 de junho, pelo Presidente da República, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Em outubro de 2010, a Academia Portuguesa da História (APH) distinguiu José Hermano Saraiva como académico de mérito, salientando ser um “grande divulgador” da História de Portugal.

“A Academia achou que nesta sua idade, era bonito, agradável, marcar um momento de confraternização com um homem que fez muitos portugueses conhecer a História de Portugal”, explicou na altura à Lusa a presidente da APH, Manuela Mendonça. Manuela Mendonça sublinhou que José Hermano Saraiva “levou com simpatia e palavras de agrado os portugueses a interessarem-se mais pela sua própria História”.Membro “há muitos anos” da Academia, José Hermano Saraiva era também membro das academias das Ciências de Lisboa, da Marinha e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (Brasil).

Nascido em Leiria, no dia 3 de outubro de 1917, José Hermano Saraiva notabilizou-se nas quatro últimas décadas através de programas televisivos sobre História.Licenciado em Histórico-Filosóficas (1941) e em Ciências Jurídicas (1942), exerceu advocacia e foi professor do ensino secundário.

Em 1957 foi deputado à Assembleia Nacional e procurador às cortes. Entre outros cargos públicos que exerceu antes do 25 de abril de 1974, como o de diretor do Instituto de Assistência aos Menores, foi ministro da Educação Nacional entre 1968 e 1970, qualidade na qual inaugurou a Biblioteca Nacional de Portugal. Foi substituído por Veiga Simão, após a crise académica de 1969, tendo sido designado embaixador de Portugal em Brasília, em 1972.

A colaboração com a RTP começou em 1971 com o programa “Horizontes da Memória”, tendo nesse ano recebido o Prémio da Imprensa para o Melhor Programa do Ano. Foi ainda autor e apresentador de “Gente de Paz”, que assinalou o seu regresso à RTP em 1978, “O Tempo e a Alma”, “Histórias que o Tempo Apagou” e “A Alma e a Gente”.

Um dos seus livros mais conhecidos é a “História concisa de Portugal”, já na 25.ª edição, com um total de cerca de 180 mil exemplares vendidos. Editado pela primeira vez em 1978, este título foi já traduzido em espanhol, italiano, alemão, búlgaro e chinês. O livro foi escrito durante o exílio a que se impôs na Nazaré, a praia da sua infância, durante o PREC (Período Revolucionário em Curso), em 1974-75, a convite do editor livreiro Lyon de Castro. José Hermano Saraiva dirigiu também uma outra História de Portugal em seis volumes, publicada em 1981 pelas Edições Alfa. Na área da História, José Hermano Saraiva publicou cerca de 20 títulos, entre eles “Uma carta do Infante D. Henrique”, “O tempo e alma”, “Portugal – Os últimos 100 anos”, “Vida ignorada de Camões” ou “Ditos portugueses dignos de memória”. Na área da jurisprudência editou sete títulos, nomeadamente “A revisão constitucional e a eleição do Chefe do Estado”, “Non-self-governing territories and The United Nation Charter” e “Apostilha crítica ao projecto do Código Civil”, tendo ainda publicado cinco títulos na área da pedagogia.

José Hermano Saraiva apresentou à APH várias orações académicas, tendo sido publicadas sete, a mais recente em 1988, intitulada “A crise geral e a Aljubarrota de Froyssar”.O historiador foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho, a Comenda da Ordem de N.da Conceição de Vila Viçosa e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco (Brasil).

Foto: LUSA


1 comentário:

  1. Portugal não tem conciência da contribuição desse grande homem para a cultura desse país.
    Obrigada Sosé Hermano Saraiva por todas as hitórias.

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