Uma placa de argila cozida com mais de 3.000 anos, considerada o mais velho texto escrito e decifrável da Europa, foi descoberta numa antiga “lixeira” do Peloponeso, indicou hoje um arqueólogo que leciona na Universidade norte-americana do Missouri.
Encontrada durante escavações numa colina de Iklena, uma pequena aldeia do departamento de Messene, a 300 quilómetros a sudoeste de Atenas, esta placa é aparentemente “um documento financeiro” proveniente de uma antiga cidade do período micênico, explicou o arqueólogo, Michael Cosmopoulos, citado pela agência de notícias francesa AFP.
A placa de argila cozida tem mais um século que as anteriores descobertas similares até agora feitas.
“Trata-se da mais antiga placa descoberta na Grécia, logo, a mais antiga da Europa”, declarou Cosmopoulos.
“Numa das faces da placa figuram nomes e números e na outra um verbo que remete para o verbo confecionar”, precisou o especialista.
A inscrição na placa é em Linear B, uma escrita utilizada pelos micênicos da Idade do Bronze (1600 a.C.), a época da guerra de Troia, descrita na “Ilíada”, de Homero.
As escavações, supervisionadas pela Escola de Arqueologia de Atenas e parcialmente financiadas pela National Geographic Society, começaram em 2006 e trouxeram à luz do dia as ruínas de uma grande estrutura com muralhas imensas, frescos e um sistema de drenagem avançado, datado de 1550-1440 antes da nossa era.
Segundo Cosmopoulos, que está a dirigir as investigações, o sítio foi provavelmente destruído por volta de 1400 a.C., antes de ser invadido pelo reino próximo de Pylos, cujo rei Nestor é mencionado na “Ilíada”.
“A descoberta da placa sugere que a escrita é bastante mais antiga do que pensávamos até agora”, considerou o académico.
A Escola de Arqueologia de Atenas deverá em breve dedicar uma publicação ao achado, que já saiu na National Geographic, ao passo que a placa será apresentada ao público por Cynthia Shelmerdine, uma especialista em escrita micênica da Universidade de Austin, no Estado norte-americano do Texas, que foi a primeira a decifrá-la, adiantou Cosmopoulos.
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