quarta-feira, 1 de julho de 2009

Coordenadora do Ensino de Português preocupada com "desinteresse" do governo

A coordenadora do Ensino de Português no Luxemburgo, que cessa funções este mês, diz-se preocupada com o "desinteresse" do Estado português no ensino da língua materna às comunidades, uma responsabilidade que vai passar a breve trecho para a direcção do Instituto Camões (IC).

"O Governo português penso que tem outras prioridades. O Jornal de Letras tinha recentemente uma entrevista com Simonetta Luz Afonso [presidente do IC] em que ela só falava de ensino superior e de leitorados. Não sei se o ensino primário [de Português] lhe interessa", disse ao CONTACTO.

Margarida Lévy deixa a direcção dos Serviços de Ensino de Português no Luxemburgo a partir deste mês, altura em que se reforma dos quadros do Ministério da Educação. A coordenadora ocupava aquele cargo desde 1988. A aposentação de Margarida Lévy ainda não foi publicada em Diário da República, pelo que a coordenadora continuará em funções até essa publicação.

Para a coordenadora, o ensino de Português no Luxemburgo teve ainda assim desenvolvimentos positivos nos últimos 21 anos. "Quando cá cheguei, havia cursos [de Português] só até ao 9o ano. Conseguimos que os cursos fossem alargados até ao 12o, de há 15 anos para cá, e iniciar cursos de Português como língua estrangeira em três liceus do país", disse Lévy ao CONTACTO. Margarida Lévy lamenta ainda assim as dificuldades para organizar cursos no ensino integrado em algumas autarquias luxemburguesas.

"Há burgomestres que não têm boa vontade para organizar estes cursos, e se é verdade que o ensino paralelo é melhor que nada, representa uma sobrecarga terrível para os alunos", criticou.

O Ministério da Educação português ainda não nomeou substituto para o lugar, que deverá ser provido por concurso interno. De acordo com Margarida Lévy, o prazo para a apresentação de candidaturas já terminou, estando o Ministério a analisar os candidatos. P.T.A.

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