"Há um tempo para semear, um tempo para colher, tempo para rir e para chorar, há um tempo para chegar e um tempo para partir", disse o padre Miguel o seu discurso. Chegou a hora de o missionário scalabriniano deixar as cinco comunidades de língua portuguesa do Sul (Bettembourg, Dudelange, Esch/Alzette, Fousbann e Rodange), depois de 12 anos de empenho e dedicação.
"A minha principal preocupação foi sempre a de procurar reunir as comunidades e a Igreja local", afirma o padre Miguel. O desafio era "integrar as comunidades portuguesas, mas também tentar fazer com que houvesse uma abertura e um contacto com os luxemburgueses e outras nacionalidades". "Em muitos casos pudemos realizar actividades ou celebrações em conjunto", continua, acrescentando: "Isto foi positivo e penso que deve continuar".
Todos os que acompanharam o sempre bem-humorado padre Miguel admiram a sua personalidade e reconhecem o fruto do seu trabalho. Raymond Streweler, cónego de Esch, por exemplo, caracteriza o sacerdote como um "colaborador atento, aberto e cordial, cujo trabalho sério de integração das comunidades se revelou muito importante".
Outros fiéis corroboram estas palavras, como é o caso de Joaquim Loureiro, residente no Luxemburgo há três anos: "O Padre Miguel é um homem muito simples e humilde, que uniu as comunidades portuguesas e que fez muito em termos de formação catequética".
Maria da Encarnação, residente em Bettembourg há 33 anos, afirma de olhos húmidos que o padre Miguel "é uma excelente pessoa, sempre muito trabalhador e generoso", e relembra que foi ele que "não deixou que a missa acabasse em Bettembourg".
E Ângela, cabo-verdiana, remata: "Ainda o Padre Miguel não se foi embora e já estamos como saudades dele".
O padre Miguel Dalla Vecchia também tem pena de deixar aquela que foi, nas suas palavras, ¨"a [sua] pátria durante todos este anos", pois "criaram-se laços de amizade e de trabalho", mas aceita com serenidade a nova missão que lhe foi confiada pela Congregação. Afinal, "um missionário é um cidadão do mundo, não tem morada definitiva e não pode estar preso a uma só paróquia", explica.
À sua espera, em Genebra, está uma comunidade com mais de 32 mil portugueses, parte dos mais de 200 mil portugueses imigrantes na Suíça. O padre Miguel Dalla Vecchia nasceu no Brasil, em Encantado, Rio Grande do Sul, onde foi ordenado padre pela Congregação Scalabriniana há 20 anos. Desde então, deixou o seu país para trabalhar oito anos em França. Em 1997, veio para o Luxemburgo, onde permaneceu até agora.
Sucessor é brasileiro
Chama-se Remildo Boldori e será ele o padre que vem substituir Miguel Dalla Vecchia. Também ele brasileiro e missionário scalabriniano, acompanhou as comunidades de língua portuguesa na região parisiense durante 25 anos. Trabalhou em Versailles e Pontoise.
O Padre Remildo Boldori deverá começar a exercer o sacerdócio no Luxemburgo a partir de 13 de Setembro, data em que se celebrará uma missa de despedida dos padres que deixam a comunidade e de acolhimento dos que iniciam funções. A homilia terá lugar na Igreja Saint-Joseph, em Esch/Alzette.
Texto: Flávia Diniz / Foto: M. Dias
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