Ainda as férias de Verão estão a decorrer e já as grandes superfícies apostam no negócio do regresso às aulas. No Luxemburgo, no início de Agosto, já os hipermercados faziam alarido com os preços do material escolar. O tempo não é para menos: com uma crise económica generalizada e para fazer face à carteira mais vazia dos pais, as grandes superfícies entraram numa guerra de preços.
O início do mês de Setembro é sempre penoso. Com o regresso às aulas marcado para o dia 15, as escolas vão fazendo os pedidos do material necessário para o ano lectivo. E as listas em alguns casos são intermináveis.
Para um aluno que vá frequentar este ano o terceiro ano, desde canetas de feltro, a guaches, pincéis, aguarelas, réguas, as habituais mochilas, cadernos, canetas, estojos, lápis, borrachas, compassos, dicionários, esquadros, calculadoras, dossiers e.... a despesa é mais do que muita. A lista é infindável. E a acrescentar há ainda o material para a ginástica: um fato de treino e uns ténis para os mais pequenos.
Tudo somado e a factura poderá ascender facilmente às várias centenas de euros.
Isaura Fernandes é mãe de três filhas, e num dia da semana passada veio a uma grande superfície comprar o material escolar para a Alexandra, que vai frequentar o terceiro ano. À medida que o carrinho vai enchendo, a factura aumenta. "Hoje, devo gastar entre 150 a 200 euros, só para ela. As outras duas já andam no liceu, e aí são outras contas", garante Isaura ao CONTACTO.
A família reside em Grevenmacher, mas este ano resolveram vir à capital comprar o material escolar, muito mais barato do que numa pequena papelaria: "No ano passado comprei todo o material escolar numa papelaria, lá onde eu moro, mas este ano resolvi vir aqui porque é mais barato e há mais escolha. Para as minhas três filhas, devo gastar, este mês, entre 500 a 600 euros".
As compras são feitas com a ajuda da filha Vanessa que vai para o primeiro ano do liceu. Mãe e filhas correm os corredores do supermercado, de lista na mão, à procura do material e no meio de tanta oferta, quando encontram o pretendido, ouve-se um "Uf!!! é isto", desabafo de Isaura Fernandes. "Eu não olho para o preço. Nem sei. O que quero é acabar com isto o mais depressa possível e que a miúda chegue à escola com o material. Caso contrário, as professoras começam a reclamar".
Reclamar é o que faz o Diogo, o filho do meio da família Coimbra. O rapaz quer uma afia especial para os lápis, mas o pai não vai na cantiga. "Então esta afia, só porque tem mais umas flores é quase um euro mais caro. Não pode ser", explica o pai ao filho . "Há que fazer muito bem as contas, porque nesta altura, é uma despesa muito grande com o material escolar", conta Cristiano Coimbra ao CONTACTO.
Pai de três filhos, todos em idade escolar, as contas já estão feitas por alto: "Este ano devo gastar, mais ou menos, 600 euros. Só para os livros, já hoje paguei 160 euros e ainda não estão todos".
As compras do material escolar são sempre feitas na mesma grande superfície, porque "é perto de casa e aqui as coisas são mais baratas", garante o pai Coimbra que antes de se decidir por um artigo verifica sempre o preço.
No Luxemburgo, os manuais escolares para o primeiro ciclo são gratuitos, mas para o liceu há que comprá-los. "Só em seis livros para a minha Vanessa, já gastei 149 euros. A mais velha como vai repetir o ano, penso que poderei aproveitar alguns dos livros do ano passado, mas a verdade é que preferia que ela tivesse passado, e gastar o dinheiro em novos manuais", conta Isaura Fernandes.
RECICLAR É A PALAVRA DE ORDEM
A estratégia da família Cardoso é reciclar o material do ano passado e comprar apenas o indispensável.
"Eu aproveito tudo o que sobrou do ano passado e reutilizo este ano. Felizmente que o meu filho não é muito exigente e não pede nada. Este ano, para o Thomas, que vai para o 4° ano, devo gastar apenas 50 euros. O mais caro foi a caneta de tinta permanente, de resto aproveitei tudo", conta ao CONTACTO Cristina Cardoso, mãe de três filhos, todos em idade escolar.
Ao contrário das outras famílias ouvidas pelo CONTACTO, a mãe Cristina opta por comprar mais perto de casa, numa papelaria. "Como só precisava de comprar poucas coisas e como queria que o meu filho experimentasse a caneta de tinta permanente, decidi ir à papelaria aqui da cidade porque o atendimento é mais personalizado. Não me importo de pagar mais um euro ou dois, mas ao menos ele pode experimentar a caneta no dedo".
Contas feitas para os três filhos, a factura final ronda os 700 euros. "Isto aproveitando tudo o que cá havia em casa, porque se comprasse tudo de novo, para os três, a factura poderia chegar facilmente aos mil euros. Os livros para a minha filha do meio, é onde gasto sempre mais dinheiro. Só no ano passado, gastei cerca de 300 euros para ela, aluna do liceu técnico. Já para o ensino clássico os livros são mais baratos".
Para além de reciclar o material dos anos anteriores, há ainda pequenos truques que ajudam a poupar dinheiro. Nos grandes hipermercados há sempre a possibilidade de comprar os artigos em promoção e sobretudo comprar os produtos de marca branca.
Percorrendo os corredores de um grande supermercado, um tubo de cola, por exemplo, da marca Pritt, custa 2,75 euros, enquanto o produto da casa custa 1.90 euros, e em vez de um, traz dois tubos. O mesmo acontece com as mochilas. A Eastpack pode custar 47 euros, mas com onze euros consegue-se comprar uma mala para escola, marca branca.
No final, também é na escolha da marca do material que está o ganho. O de marca é sempre mais caro, e as diferenças podem chegar até aos 300 euros, consoante as marcas preferidas.
Domingos Martins
Marc Wilwert (Foto)

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