quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Gastos com o regresso às aulas podem chegar aos 700 euros no caso de uma família com três filhos

O regresso às aulas é marcado pela compra dos manuais e de todo o material escolar. As despesas só nos artigos escolares podem chegar aos 700 euros para uma família com três filhos. Uma quantia que depende sempre da marca do material escolhido.

Ainda as férias de Verão estão a decorrer e já as grandes superfícies apostam no negócio do regresso às aulas. No Luxemburgo, no início de Agosto, já os hipermercados faziam alarido com os preços do material escolar. O tempo não é para menos: com uma crise económica generalizada e para fazer face à carteira mais vazia dos pais, as grandes superfícies entraram numa guerra de preços.

O início do mês de Setembro é sempre penoso. Com o regresso às aulas marcado para o dia 15, as escolas vão fazendo os pedidos do material necessário para o ano lectivo. E as listas em alguns casos são intermináveis.

Para um aluno que vá frequentar este ano o terceiro ano, desde canetas de feltro, a guaches, pincéis, aguarelas, réguas, as habituais mochilas, cadernos, canetas, estojos, lápis, borrachas, compassos, dicionários, esquadros, calculadoras, dossiers e.... a despesa é mais do que muita. A lista é infindável. E a acrescentar há ainda o material para a ginástica: um fato de treino e uns ténis para os mais pequenos.

Tudo somado e a factura poderá ascender facilmente às várias centenas de euros.

Isaura Fernandes é mãe de três filhas, e num dia da semana passada veio a uma grande superfície comprar o material escolar para a Alexandra, que vai frequentar o terceiro ano. À medida que o carrinho vai enchendo, a factura aumenta. "Hoje, devo gastar entre 150 a 200 euros, só para ela. As outras duas já andam no liceu, e aí são outras contas", garante Isaura ao CONTACTO.

A família reside em Grevenmacher, mas este ano resolveram vir à capital comprar o material escolar, muito mais barato do que numa pequena papelaria: "No ano passado comprei todo o material escolar numa papelaria, lá onde eu moro, mas este ano resolvi vir aqui porque é mais barato e há mais escolha. Para as minhas três filhas, devo gastar, este mês, entre 500 a 600 euros".

As compras são feitas com a ajuda da filha Vanessa que vai para o primeiro ano do liceu. Mãe e filhas correm os corredores do supermercado, de lista na mão, à procura do material e no meio de tanta oferta, quando encontram o pretendido, ouve-se um "Uf!!! é isto", desabafo de Isaura Fernandes. "Eu não olho para o preço. Nem sei. O que quero é acabar com isto o mais depressa possível e que a miúda chegue à escola com o material. Caso contrário, as professoras começam a reclamar".

Reclamar é o que faz o Diogo, o filho do meio da família Coimbra. O rapaz quer uma afia especial para os lápis, mas o pai não vai na cantiga. "Então esta afia, só porque tem mais umas flores é quase um euro mais caro. Não pode ser", explica o pai ao filho . "Há que fazer muito bem as contas, porque nesta altura, é uma despesa muito grande com o material escolar", conta Cristiano Coimbra ao CONTACTO.

Pai de três filhos, todos em idade escolar, as contas já estão feitas por alto: "Este ano devo gastar, mais ou menos, 600 euros. Só para os livros, já hoje paguei 160 euros e ainda não estão todos".

As compras do material escolar são sempre feitas na mesma grande superfície, porque "é perto de casa e aqui as coisas são mais baratas", garante o pai Coimbra que antes de se decidir por um artigo verifica sempre o preço.

No Luxemburgo, os manuais escolares para o primeiro ciclo são gratuitos, mas para o liceu há que comprá-los. "Só em seis livros para a minha Vanessa, já gastei 149 euros. A mais velha como vai repetir o ano, penso que poderei aproveitar alguns dos livros do ano passado, mas a verdade é que preferia que ela tivesse passado, e gastar o dinheiro em novos manuais", conta Isaura Fernandes.

RECICLAR É A PALAVRA DE ORDEM

A estratégia da família Cardoso é reciclar o material do ano passado e comprar apenas o indispensável.

"Eu aproveito tudo o que sobrou do ano passado e reutilizo este ano. Felizmente que o meu filho não é muito exigente e não pede nada. Este ano, para o Thomas, que vai para o 4° ano, devo gastar apenas 50 euros. O mais caro foi a caneta de tinta permanente, de resto aproveitei tudo", conta ao CONTACTO Cristina Cardoso, mãe de três filhos, todos em idade escolar.

Ao contrário das outras famílias ouvidas pelo CONTACTO, a mãe Cristina opta por comprar mais perto de casa, numa papelaria. "Como só precisava de comprar poucas coisas e como queria que o meu filho experimentasse a caneta de tinta permanente, decidi ir à papelaria aqui da cidade porque o atendimento é mais personalizado. Não me importo de pagar mais um euro ou dois, mas ao menos ele pode experimentar a caneta no dedo".

Contas feitas para os três filhos, a factura final ronda os 700 euros. "Isto aproveitando tudo o que cá havia em casa, porque se comprasse tudo de novo, para os três, a factura poderia chegar facilmente aos mil euros. Os livros para a minha filha do meio, é onde gasto sempre mais dinheiro. Só no ano passado, gastei cerca de 300 euros para ela, aluna do liceu técnico. Já para o ensino clássico os livros são mais baratos".

Para além de reciclar o material dos anos anteriores, há ainda pequenos truques que ajudam a poupar dinheiro. Nos grandes hipermercados há sempre a possibilidade de comprar os artigos em promoção e sobretudo comprar os produtos de marca branca.

Percorrendo os corredores de um grande supermercado, um tubo de cola, por exemplo, da marca Pritt, custa 2,75 euros, enquanto o produto da casa custa 1.90 euros, e em vez de um, traz dois tubos. O mesmo acontece com as mochilas. A Eastpack pode custar 47 euros, mas com onze euros consegue-se comprar uma mala para escola, marca branca.

No final, também é na escolha da marca do material que está o ganho. O de marca é sempre mais caro, e as diferenças podem chegar até aos 300 euros, consoante as marcas preferidas.

Domingos Martins

Marc Wilwert (Foto)

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