Estas revelações foram feitas durante a apresentação de um estudo, encomendado pelo Ministério da Igualdade de Oportunidades, que pretendia conhecer melhor a situação actual, depois da entrada em vigor da lei de 2003 contra a violência doméstica.
"A violência doméstica é um problema social no Luxemburgo mas está cada vez mais a sair da esfera privada para a esfera pública, contribuindo para isso o facto de as vítimas já não temerem pedir, cada vez mais e em maior número, a ajuda das autoridades", conclui o estudo.
O estudo adianta que a lei de 2003, que permite expulsar do lar o autor de actos violentos durante um período de 10 dias, já deu os seus resultados, uma vez que proporciona às vítimas uma intervenção rápida, incentivando-os a contactar os serviços de assistência. Estas violências, que foram durante demasiado tempo dissimuladas por serem consideradas questões privadas, saem finalmente da sombra, pode ainda ler-se no estudo.
Apesar disso, o princípio da igualdade entre homens e mulheres ainda não acontece no dia-a-dia. "As agressões físicas e psicológicas de que muitas mulheres são vítimas levam as autoridades a quererem proteger as pessoas mais vulneráveis", afiançou a ministra Hetto-Gaasch. "Além disso, as autoridades consideram que os actos do agressor exigem um justo equilíbrio entre medidas repressivas e enquadramento psicológico", afirmou.
Em 1999, as autoridades luxemburguesas lançaram uma primeira campanha que informava sobre as ajudas prestadas às mulheres vítimas de diferentes formas de violência. Com a lei de 2003 contra a violência doméstica, as autoridades luxemburguesas lançaram as bases legais para poderem intervir em casos de urgência. Foi criado o serviço de assistência à vítima de violência doméstica (SAVVD) que tem como objectivo acompanhar e apoiar as pessoas em causa.
Através deste estudo, o Ministério da Igualdade de Oportunidades quis analisar o impacto das campanhas levadas a cabo entre 2003 e 2008. Apesar de este tipo de casos estar a sair da esfera privada, os dados recenseados no estudo são preocupantes.
No espaço de cinco anos, a polícia procedeu a 2.079 intervenções para registar um delito ou afastar a pessoa violenta do domicílio, o que representa, em média, 34 intervenções por mês.
Analisando mais de perto, verifica-se uma tendência em alta de casos de violência doméstica, tanto em intervenções das Forças da Ordem como de pedidos de assistência por parte das vítimas. "Isto não significa que a violência esteja a aumentar", explica a autora do estudo, Beate Stoff.
"O que acontece é que são mais os casos que saem da sombra". Ou seja, as vítimas pedem ajuda com mais frequência para sair da situação de violência e de angústia em que vivem.
De uma maneira geral, o estudo revela que o sistema jurídico e de ajuda às vítimas estão bem coordenados a nível nacional.
Identificar a violência conjugal
Três associações – Femmes en détresse, Maison de la porte ouverte e Pro Familia – propõem formações para melhor compreender e identificar as situações de violência doméstica.
Destinadas ao pessoal médico e educativo e aos membros responsáveis pela Igualdade de Oportunidades nas comunas, estas formações visam antes de mais dar a conhecer métodos para ajudar as pessoas necessitadas. "Podemos, por exemplo, aconselhar uma mulher que se encontra numa situação de risco a preparar uma mala para poder rapidamente sair de casa ou então convencê-la a deixar as chaves de casa num vizinho para intervir rapidamente se necessário", revela Joelle Schrank, directora da associação "Femmes en détresse".
Mais informações nos sites www.fed.lu / www.fmpo.lu / e www.profamilia.lu
Texto: F. Pinto / Foto: Guy Wolff

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