A Ásia recorda hoje a memória das vítimas do tsunami de 26 de Dezembro de 2004, o pior cataclismo das últimas décadas, que ceifou mais de 220 mil vidas e perturbou a vida de milhões de pessoas na região do Oceano Índico.
Na província indonésia de Aceh, que pagou o mais pesado tributo à catástrofe, uma jornada de oração está hoje a decorrer nas mesquitas em memória dos 168 mil mortos ou desaparecidos registados no arquipélago.
Famílias inteiras, por vezes numerosas, foram dizimadas pela fúria do mar que invadiu zonas terrestres arrasando casas, escolas, hospitais e outras infra-estruturas em poucas horas. Para muitas famílias, subsiste agora o drama de nem saberem onde estão soterrados os seus desaparecidos.
No porto de Ulee Lheu, o vice-presidente da Indonésia presidiu a uma cerimónia de evocação das vítimas do tsunami.
"Cinco anos passados, os habitantes de Aceh, com a ajuda da comunidade internacional, começam a recompor-se do drama e a reconstruir a sua vida social, económica e cultural", declarou o governante a um milhar de pessoas.
No Sri Lanka, onde as organizações humanitárias evocam o número de 31 mil falecimentos, foram hoje observados dois minutos de silêncio nacional em memória dos defuntos.
A rádio e a televisão públicas suspenderam a sua programação às 9h25 locais (04h55 no Luxemburgo), mesma hora a que o tsunami fustigou a região há cinco anos.
Cerimónias similares estão previstas na Tailândia, onde cerca de 20 mil pessoas foram mortas pela vaga gigante provocada por um sismo de magnitude 9,3.
Sistemas de alerta anti-tsunami foram entretanto instaurados em vários pontos da Ásia com vista a evitar uma repetição da catástrofe de 2004, mas subsistem "falhas significativas" no sistema, de acordo com Noeleen Heyzer, sub-secretário-geral da ONU.
"Os sistemas de alerta salvam vidas mas apenas se lograrem alertar a tempo e horas as pessoas em perigo", recordou Heyzer, advertindo que uma parte importante dos esforços deve concentrar-se na informação às comunidades costeiras sobre os riscos em que incorrem e as formas de os enfrentar.
Além disso, a reconstrução também tem esbarrado em certos países com problemas de corrupção, como por exemplo no Sri Lanka, onde hoje o governo de Colombo vai tornar públicas as contas relativas a metade dos cerca de 2,2 mil milhões de euros da ajuda prometida pelos doadores estrangeiros.
O Banco Mundial (BM), que concedeu um pacote de cerca de 150 milhões de dólares para a reconstrução, recuperou 134 mil dólares em Maio, depois das autoridades de Colombo terem, por exemplo, comprado 168 motorizadas com verbas do orçamento para o tsunami.
Na Indonésia, a agência especialmente criada para coordenar a reconstrução das regiões devastadas foi dissolvida em Abril.
A Agência de reabilitação e de reconstrução (BRR) afirmou que 6,7 mil milhões de dólares, dos 7,2 milhões comprometidos pelo governo e pelos doadores internacionais, foram gastos em diferentes projectos de reconstrução em Aceh e na vizinha ilha de Nias.
Permitiram, nomeadamente, construir mais de 140 mil casas, 1.759 escolas, 363 pontes e 13 aeroportos, segundo dados da agência.
Sem comentários:
Enviar um comentário