quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Mundial 2010: Carlos Queiroz sem papas na língua: "O Brasil é uma equipa muito forte, mas não me tira o sono"

Carlos Queiroz, treinador da selecção portuguesa e que vai defrontar o Brasil na primeira fase do Mundial da África do Sul, foi o centro das atenções no segundo dia do fórum Footecon, que se realizou na quarta-feira passada na cidade do Rio de Janeiro (Brasil).

O técnico luso, que na sua palestra deu especial ênfase à importância do treino em diferentes países culturas, falou dos seus 30 anos de carreira em quatro Continentes, evitou fazer prognósticos a seis meses do Mundial, mas afirmou que a selecção brasileira não o perturba nem lhe retira o sono.
Todos sabemos que o Brasil é uma equipa muito forte, mas não me tira o sono", sublinhou Carlos Queiroz.

"Portugal já demonstrou também que tem grandes jogadores, por isso antevejo um excelente jogo entre duas grandes equipas", vincou o treinador português. "É uma realidade que o Brasil possui excelentes jogadores que a qualquer momento podem fazer a diferença, mas tenho que me concentrar na capacidade da minha equipa de estar sempre um passo à frente da selecção brasileira. Não podemos jogar da mesma maneira que fizemos no último encontro amigável (vitória do Brasil por 6-2), completamente abertos, desconcentrados e desorganizados", lembrou o seleccionador português.

"Não vamos repetir esse erro na África do Sul, devemos pensar antes dos brasileiros e roubar-lhes todos os espaços possíveis”, garantiu Queiroz, acompanhado de Carlos Alberto Parreira, actual técnico da África do Sul e organizador do principal fórum da Indústria do Futebol, que teve lugar no Rio de Janeiro (
Brasil) nos dias 8 e 9 de Dezembro. Carlos Queiroz, que assumiu os comandos da selecção de Portugal em Julho de 2008 substituindo Luiz Felipe Scolari, considera que Dunga conseguiu dar uma "cara” diferente ao "escrete", aliando a qualidade técnica do jogador brasileiro com a competitividade do atleta europeu. O treinador português enalteceu o trabalho desenvolvido por Dunga (seu jogador na equipa japonesa do Nagoya Grampus Eight durante duas épocas), apenas há três anos no comando da selecção brasileira.

"A equipa do Brasil joga muito concentrada, com disciplina. Todos os jogadores trabalham para o colectivo, algo que não é assim tão comum no Brasil", explicou o técnico luso. "A selecção canarinha é o espelho de Dunga.
Apresenta o modelo de futebol que ele sempre defendeu e acho isso uma grande virtude”, comentou Queiroz.
"O Dunga está a fazer um grande trabalho e a equipa do Brasil está cada vez mais forte. Ele tem a experiência vivida em vários Campeonatos do Mundo. Ganhou e perdeu, por isso sabe como se deve trabalhar numa competição deste tipo, apesar de ser um treinador ainda jovem. Mas os resultados não têm idade. Valem por aquilo que valem", completou.

"SOU ADEPTO DA
CULTURA DO MOSQUITO"

O seleccionador português disse ainda que vai assistir a todos os jogos amigáveis dos adversários na fase de preparação e estar atento a todas as selecções do seu grupo (Brasil, Costa do Marfim e Coreia do Norte).

"Sou um adepto da cultura do mosquito. Um pequeno mosquito pode acabar com uma noite inteira de sono, não é? No futebol um pequeno detalhe pode fazer toda a diferença. E como quero ganhar não poderei descurar o mínimo pormenor sobre os nossos adversários", explicou.

Sobre a diferença do nível exibicional que Cristiano Ronaldo apresenta na selecção e nos clubes onde actua, Carlos Queiroz relativizou a questão: "O Cristiano – jogador que conheço muito bem – é muito rápido e, como tal, sempre alvo de marcações muito cerradas. Sofre muitas faltas, merecendo um tratamento especial quando actua pela selecção e isso acaba por prejudicá-lo", enfatiza.

"Mas ele tem um imenso talento. Está a caminhar para a sua melhor forma e por isso acredito que juntamente com os seus companheiros vai fazer um grande Campeonato do Mundo", rematou Carlos Queiroz.

Um cigano do futebol como foi chamado, o técnico da selecção portuguesa desembarcou no Rio de Janeiro para falar sobre o seu percurso como treinador durante três décadas. Apesar da sua experiência, o técnico luso terá em 2010 o seu maior desafio: o Campeonato do Mundo da África do Sul. A pedra no sapato será o justamente o Brasil, principal adversário no Grupo G, um grupo que considerou interessante, mas complicado.

Após uma fase de apuramento sofrida, o comandante da nau portuguesa acredita que pode dobrar o "Cabo das Tormentas". Veremos!¨

Álvaro Cruz
no Rio de Janeiro

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