O desafio é imenso, bem como as expectativas, pois a conhecida paixão dos africanos pelo futebol esbarra na falta de infra-estruturas e na ameaçadora criminalidade urbana, com um número de assaltos e assassínios dos mais elevados do planeta.
Com maiores ou menores dificuldades, os estádios – houve uma greve geral dos trabalhadores que ameaçou o evento – parecem estar operacionais, mas ainda persistem muitas dúvidas quanto ao facto do país conseguir albergar o meio milhão de adeptos/turistas esperados só para o mundial.
Questões logísticas como capacidade hoteleira, serviços de transporte, segurança ou centros de imprensa também fazem também parte das preocupações da FIFA, que a 15 de Maio de 2004 optou pela candidatura dos “bafana bafana”, que em votação ganhou por 14-10 a Marrocos num Mundial já com Continente previamente definido.
Os altos índices de criminalidade preocupam a FIFA e governo sul-africano, que temem pela segurança de todos os envolvidos na festa do futebol: as autoridades têm feito um esforço significativo para reduzir esta ameaça, mas os perigos afiguram-se demasiados para serem totalmente controlados.
Se a organização vencer este conjunto de desafios, toda a África sai vencedora, abrindo as portas a outros países para receber importantes eventos internacionais: o mundial só por uma vez deixou a Europa ou América do Sul (Coreia/Japão em 2002) e os Jogos Olímpicos parecem um desafio apenas sonhado por qualquer das nações do Continente negro.
Tal como aconteceu com a China nos Jogos Pequim2008, também a África do Sul tem algo a mostrar ao Mundo, uma nova sociedade após o apartheid ("separação", em africânder, referindo-se à política de segregação racial imposta pelos brancos) e que só terminou na última década do século passado.
O país foi depois reintegrado na FIFA de pleno direito, colocando ponto final a um sistema de quatro federações de futebol, um para cada grupo racial: a FASA para os brancos, a SAIFA para os indianos, a SABFA para os negros e a SACFA para os mestiços.
Nelson Mandela e Frederik de Klerk receberam o prémio Nobel da Paz em 1993 pelo seu trabalho pelo fim pacífico do “apartheid” e estabelecer os princípios para uma nova África do Sul, democrática.
A África do Sul é hoje um potência regional e a mais bem sucedida economia africana e o Mundial 2010 é a oportunidade de mostrar ao planeta um país inter-racial, moderno e capaz de sobreviver unido ao passado racista.
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