António de Sousa Mendes, neto daquele que foi considerado o “Schindler” português, defendeu hoje a necessidade de corrigir a memória do país, enfatizando o papel de Portugal na recepção de refugiados da segunda Grande Guerra Mundial.
“Diz-se sempre que Portugal não participou na 2ª Guerra Mundial, mas participou, através dos cidadãos. Aristides de Sousa Mendes salvou a vida a milhares de judeus, dando-lhes vistos para eles entrarem em Portugal. Este papel do país, de receber as pessoas, devia ser enfatizado”, frisou o membro do Conselho de Administração da Fundação Aristides de Sousa Mendes, que hoje assinalou o Dia Internacional do Holocausto no Colégio Luso-Internacional do Porto (CLIP).
Frisando que “a 2ª Guerra Mundial diz muito respeito a Portugal” e que “Portugal participou a nível humanitário, recolhendo refugiados”, António de Sousa Mendes, lamenta que “nenhum historiador” tenha dado a devida atenção a este aspecto.
Questionado sobre se a memória do cônsul português em França tem sido suficientemente valorizada, o neto admite que “há muito ainda a fazer”, porque a sociedade civil portuguesa é herdeira da sociedade do Estado Novo, que “não era encorajada a pensar e a criticar”.
Recordar o legado de Sousa Mendes e deixar esta mensagem foi o objectivo do neto de Aristides de Sousa Mendes no contacto com cerca de 200 alunos do CLIP.
Álvaro de Sousa Mendes, presidente do Conselho de Administração da Fundação Aristides de Sousa Mendes, também participou na iniciativa, tendo salientado o “sacrifício” do avô, que “deu a mão a milhares de pessoas que não conhecia, pondo em risco a sua própria família”.
“Ao longo do ano escolar escolhemos algumas datas que queremos assinalar com os alunos. Como somos uma escola associada da UNESCO, resolvemos assinalar a defesa dos direitos humanos assinalando o Dia do Holocausto”, explicou Isabel Morgado, a professora coordenadora do projecto do CLIP que, para além da sessão aberta com os familiares de Aristides Sousa Mendes, inclui uma exposição e a construção de um Muro das Lamentações.
Rodrigo Albuquerque, de 10 anos, aluno do 5º ano, foi um dos que deixou uma mensagem no muro: “Pusemos ali as melhorias que queremos para o nosso mundo. Por exemplo, não haver mais terramotos, ou acabar com a crise”, revelou.
O Dia Internacional do Holocausto é uma data instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que designou 27 de Janeiro - dia em que as tropas soviéticas libertaram o campo de concentração de Auschwitz - para as comemorações anuais em memória das vítimas do Holocausto.
Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em França, deu o visto a milhares de judeus em fuga das tropas da Alemanha Nazi, em 1940.
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