terça-feira, 9 de março de 2010

Brasil: "Presidenciais de Outubro não provocarão mudanças bruscas", considera especialista

O Brasil não deve ter uma mudança brusca na sua política com a entrada de um novo Presidente, que será eleito em outubro, já que os principais candidatos são compatíveis ideologicamente, declarou segunda-feira o jornalista político brasileiro Paulo Sotero.

"Ideologicamente, eles (candidatos) são todos muito compatíveis. Pertencem todos, com variações, à social democracia, que aqui em Portugal coincidiria com o Partido Socialista", disse à Lusa Paulo Sotero, diretor do Instituto Brasil do Woodrow Wilson International Center for Scholars, em Washington, Estados Unidos.

Segundo o também jornalista, "(os candidatos) irão governar, um pouco mais à direita ou à esquerda, conforme as circunstâncias que se apresentarem".

"O Brasil é um país com um nível de inserção hoje no mundo que o impede de fazer grandes viragens, abruptas, porque se o fizermos, o mercado responderá" sublinhou Sotero, que foi correspondente da revista brasileira Veja em Portugal entre 1974 e 1977.

"O nosso processo político produziu quatro bons candidatos, são pessoas dignas, saídas do processo político, num país em que muitas vezes os políticos nos envergonham" referiu ainda o professor adjunto da Universidade de Georgetown.

A candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) é a atual ministra da Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, e o candidato a candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) é o governador de São Paulo, José Serra, apontados como os favoritos.

Os outros dois candidatos a candidatos são a ex-ministra do Ambiente, Marina Silva (Partido Verde), e o deputado Ciro Gomes (Partido Socialista Brasileiro).

Paulo Sotero indicou que o Presidente Lula da Silva tem conseguido, segundo as pesquisas, passar a sua popularidade a Dilma Rousseff.

O jornalista indicou ainda que nem a ministra e nem José Serra são particularmente carismáticos, mas o governador de São Paulo já participou em inúmeras campanhas eleitorais, ao contrário de Dilma, e ainda é apontado como ótimo administrador, tendo se destacado como ministro da Saúde e também autarca de São Paulo.

"Estruturalmente, a eleição tende a favorecer um candidato da situação, no caso a ministra Dilma Rousseff, por causa da popularidade do Presidente Lula, porque o país vai bem e porque muitas pessoas concluirão que não há razão para mudar", salientou, acrescentando, porém, que ainda "há muitas variáveis que desconhecemos".

Sotero indicou que Dilma poderá fazer um governo "mais nacionalista, mais estatizante" e Serra terá a tendência de "manter as coisas como estão atualmente".

"Há muita água para correr debaixo desta ponte. A campanha política no Brasil é muito intensa, bastante longa", disse o especialista, acrescentando que o Brasil pós eleições "será um país estável (economicamente), como tem sido desde 1994", e que "continuará a ser um país democrático".

Paulo Sotero está em Portugal para apresentar a conferência "Brasil 2010: eleições e prespectivas de futuro", esta terça feira, na Casa da América Latina, em Lisboa, com apresentação de Maria João Avillez.

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