Esta é a grande novidade do Censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que começou a 1 de agosto.
Desta vez o censo, que tem por objetivo fazer uma radiografia da população brasileira e suas características sócio económicas, será o primeiro totalmente informatizado do país.
“Na atual conjuntura é extremamente importante para concretizar, de uma forma satisfatória, elementos suficientes para que o Governo realize políticas públicas voltadas para os povos indígenas que estão à mercê nas áreas de educação, saúde e demarcação de terras”, defendeu o coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) do Amazonas.
Segundo disse à Lusa Haroldo Pinto Espírito Santo, as informações sobre os povos indígenas ainda “deixam muito a desejar”.
O representante do Cimi espera que a informação que vai ser reunida sirva para “melhorar a situação de vida que é bastante precária dos povos indígenas”.
Ao longo desta semana e pelos próximos três meses, 191.972 recenseadores do IBGE percorrerão os 8.514.876 quilómetros quadrados do território brasileiro, nos 5.565 municípios, com a missão de contar quantos são e saber como vivem os brasileiros.
Serão cerca de 58 milhões de domicílios que os profissionais do censo demográfico vão ter de visitar.
No Brasil há 2 760 setores censitários em terras indígenas. Cada setor representa uma unidade territorial para fins de controlo cadastral, com número de domicílios que permitam o levantamento por um recenseador.
Só no Amazonas, estado que concentra a maior população indígena com 72 povos e 140 mil habitantes pertencentes a dezenas de troncos linguísticos, são 855 setores censitários.
Haroldo Espírito Santo lembra o caso do Vale do Javari, na região do Alto Solimões ao sudoeste do Amazonas, onde as populações indígenas, entre as quais os Marubo, Tikuna e Cambeba, correm “sério risco de vida”.
“Principalmente pela falta de assistência. Muitos indígenas contraem tuberculose, malária e sarampo. É uma região de difícil acesso e serve como desculpa pela falta de prestação de serviços”, critica o representante do conselho indigenista.
“Com o censo esperamos que essa realidade venha à tona e mostre como estão a viver essas populações”.
De acordo com os dados do IBGE de 2000, existem 735 mil índios, que representam menos de meio por cento da população brasileira.
Nas aldeias, os recenseadores são orientados a procurar a liderança local para que comunique aos moradores que o censo está a ser feito. Se necessário haverá um intérprete que fale a língua do povo.
O censo acontecerá até o dia 31 de outubro e os dados começarão a ser conhecidos já no final de novembro.
Sem comentários:
Enviar um comentário