Os órgãos sociais do Benfica, reunidos segunda-feira à noite em plenário, decidiram declarar o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, “persona non grata”, e apelar aos sócios e adeptos que se “abstenham de se deslocar aos jogos fora”.
Esta reacção violenta surge na sequência de erros do árbitro Olegário Benquerença no jogo que o Benfica disputou sexta-feira, em Guimarães, os quais, alegadamente, prejudicaram a equipa da Luz.
A declaração, lida pelo presidente da Assembleia Geral, Luís Nazaré, admite mesmo a possibilidade de o Benfica não participar na actual edição da Taça da Liga.
O plenário solicita à SAD que “equacione, face à falta de garantias de isenção na arbitragem, a participação na presente edição da Taça da Liga” e à comunicação social que “denuncie quem adultera as regras e investigue as notas que alguns observadores têm atribuído a algumas actuações de árbitros”.
Exige mesmo que o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga de Clubes, Vítor Pereira, se “pronuncie sobre o que se passou e sobre o que pensa para o futuro”, além de dar a conhecer o “entendimento que tem, na forma e no tempo, sobre a homenagem promovida pela Associação de Futebol do Porto ao árbitro Olegário Benquerença”.
A declaração fala da “indignação que desde sexta feira varre o país” e ataca de forma implacável o secretário de Estado da Juventude e Desportos, Laurentino Dias.
“Abandonou a anterior direcção da Liga no seu combate pela credibilização do futebol, alheou-se por completo do processo ‘apito dourado’”, pode ler-se no texto, cujo conteúdo acusa Laurentino Dias de ser “o responsável por nada fazer para aplicar a lei, razão pela qual “a arbitragem e a comissão disciplinar continuam na Liga, quando deviam já estar na FPF desde 1 de Julho”.
O secretário de Estado é também visado quando se “lamenta as declarações desrespeitosas que teve para com o Benfica e que branqueiam o comportamento daqueles que adulteram a verdade desportiva”.
Por outro lado, o plenário solicitou ao presidente Luís Filipe Vieira a “suspensão imediata das negociações dos direitos televisivos dos jogos do Benfica a partir da época 2012/13”, em curso com a Olivedesportos, e uma avaliação no sentido de “apurar a possibilidade do clube passar a gerir de forma autónoma os seus direitos audiovisuais”.
Apesar dos ataques que lança a vários alvos, o plenário dos órgãos sociais promete “agir no estrito cumprimento da lei e não trilhar caminhos sinuosos que outros percorreram sem problemas de consciência e sem reparo ou castigo da justiça”, numa alusão indirecta a um clube rival.
“No nosso mandato não vamos montar uma estrutura organizada à margem da lei, nem um modelo de violência ou intimidação sobre agentes desportivos ou jornalistas”, lê-se na declaração, a qual cita ainda o presidente da UEFA, o francês Michel Platini, que disse que “os árbitros incompetentes devem ser varridos do futebol”, garantindo que, para o Benfica, “acabou a tolerância com árbitro incompetentes e habilidosos”.
A concluir, o Benfica solicita ao ministro da Administração Interna, Rui Pereira, uma audiência para “debater a violência” de que a equipa encarnada “tem sido alvo cada vez que se desloca ao Porto”, traduzida na impunidade com que o autocarro do clube tem sido vandalizado, violência essa que “atenta contra a integridade física dos seus atletas”.
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