O Fundo de Compensação da Segurança Social (FDC) vendeu as acções de empresas fabricantes de bombas de fragmentação que detinha, garantiu o seu presidente, Robert Kieffer, ao CONTACTO na quinta-feira. O partido "Déi Lénk", que denunciou o caso, apresentou ontem uma questão parlamentar ao ministro da Segurança Social, Mars Di Bartolomeo, para apurar responsabilidades.
"Estamos limpos", lançou o presidente do FDC. "Já vendemos as acções na praça bolsista e só nos resta esperar não voltar a ter outra má surpresa".
Recorde-se que no dia 17 de Agosto, o deputado André Hoffman, do "Déi Lénk", acusou o Fundo de Compensação (FDC) da Segurança Social do Estado luxemburguês de investir em empresas que fabricam bombas de fragmentação.
A questão foi dirigida aos ministros dos Negócios Estrangeiros, Jean Asselborn, e da Segurança Social, Mars Di Bartolomeo. Antes da resposta destes, o presidente do FDC disse ao Quotidien desconhecer qualquer ligação da instituição com fabricantes de bombas de fragmentação.
No entanto, Robert Kieffer admitiu que o 'Déi Lénk' "levantou um verdadeiro problema, o qual iria ser tratado". Além disso, o responsável do FDC garantiu a instauração de listas negras por parte dos juristas da instituição.
"Déi Lénk" quer que sejam apuradas responsabilidades
Na terça-feira, Marc Baum, assessor parlamentar do deputado André Hoffman, disse ao CONTACTO que o seu partido não estava satisfeito com a resposta dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Segurança Social, Jean Asselborn e Mars Di Bartolomeo. No mesmo dia, estava prevista colocarem uma questão parlamentar a Di Bartolomeo para apurar responsabilidades, adiantou Baum.
"Há questões jurídicas que se levantam e é preciso saber que consequências devem surgir a nível do FDC e a nível da Segurança Social", explicou o assessor parlamentar de André Hoffman.
No dia de 10 Setembro, Serge Urbany declarou em conferência de imprensa que "mais do que apurar responsabilidades penais, é preciso apurar responsabilidades políticas. Deve Mars Di Bartolomeo demitir-se ou não?"
"Ainda não", confirmou ontem ao CONTACTO Marc Baum, dizendo que a "A Esquerda" vai esperar pela resposta de Di Bartolomeo.
Na primeira resposta, divulgada pela Câmara dos Deputados a 16 de Setembro, os dois ministros frisam que "em nenhum caso pode ser imputado ao FDC ter agido em conhecimento de causa".
O FDC investiu conscientemente em duas sociedades, nomeadamente na empresa de satélites SES Astra e na "Société nationale d'habitation bon marché", empresa especializada na construção e venda de habitações, admitem Asselborn e Di Bartolomeo na sua resposta conjunta.
"Em relação às outras, criámos uma SICAV (Sociedade de Investimento de Capital Variável) que contém 13 compartimentos administrados por gestores de fortuna no estrangeiro. Foram eles que depois compraram acções, obrigações e outros fundos monetários", defendem-se os dois ministros, prometendo desfazer-se das acções provenientes de empresas produtoras de bombas de fragmentação.
Recorde-se que a Câmara dos Deputados (Parlamento luxemburguês) ratificou em 2009 a convenção internacional contra a utilização deste tipo de armas, assinada em Oslo a 3 de Dezembro de 2008 e em vigor desde 1 de Agosto deste ano.
Nuno Costa
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