Para muitos portugueses residentes no Luxemburgo, a crise económica significa apenas não passar o Natal em Portugal, mas para outros traduz-se em carências e em ter de pedir ajuda para comer.
“Cada vez chegam mais compatriotas, que não conseguem emprego e ficam sem-abrigo. Calcula-se que estejam nesta situação 160 portugueses, o que é muito num país como o Luxemburgo, e com probabilidade de aumentar”, disse à Agência Lusa o presidente da Associação Cultural da Bairrada no Luxemburgo.
De acordo com Rogério de Oliveira, no ano passado existiam 127 portugueses na situação de sem-abrigo.
Criada oficialmente há 14 anos, aquela associação dedica-se a recolher fundos para ajudar os portugueses mais carenciados da comunidade e, pontualmente, também ajuda pessoas necessitadas em Portugal.
“Chegam-nos todos os dias pedidos de Portugal”, afirma Oliveira.
Durante o ano, a ACBL tenta ajudar os mais necessitados da comunidade a procurar emprego e a dar-lhes alimentos.
A sua acção culmina com a tradicional Ceia de Natal para os Sem-Abrigo, que se realiza no dia 18 de Dezembro.
Também o presidente do Centro de Apoio Social e Associativo (CASA) não tem dúvidas ao afirmar que a crise está a atingir os portugueses no Luxemburgo.
“Há miséria e crise, claro que sim”, afirmou o presidente José Ferreira Trindade, acrescentando que esta é uma situação “que se tem agravado nos últimos tempos”.
“Há mais pessoas a pedir. Muitos portugueses estão a ir para parques de estacionamento como arrumadores de carros”, disse ainda.
Este ano, o CASA foi contactado e prestou ajuda a cerca de seis mil pessoas, portugueses e falantes de língua portuguesa.
Entre os pedidos mais frequentes estão um emprego, casa, colchões, mobílias e roupas.
“Todo o trabalho que a nossa instituição tem feito é cada vez mais difícil, porque os recursos são cada vez menos e a miséria aumenta”, lamentou Trindade.
“Há famílias inteiras a viver dentro de carros”, afirmou, ressalvando que “há muita gente a chegar” ao Luxemburgo.
A CASA dedica-se também a fazer sopa para distribuir e a visitar deficientes e reclusos portugueses.
Esta é uma situação que atinge uma minoria da comunidade portuguesa, que na sua maioria está a conseguir fazer face à crise.
Por isso mesmo, muitos optaram este ano por não passar o Natal em Portugal.
Contactado pela Lusa, um responsável da agência de viagens “Taki-Talá” admitiu que “este ano está um pouco calmo”.
“Os portugueses têm por hábito ir à última da hora, mas até agora está mais calmo do que nos anos anteriores”, afirmou Marco Marques.
Texto: Lusa
Foto: Shutterstock
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