quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Wikileaks: Carlos Coelho pede ao Parlamento Europeu que reaprecie "dossier CIA"

O eurodeputado português Carlos Coelho solicitou hoje ao Parlamento Europeu que reaprecie o dossier das alegadas actividades ilegais da CIA na Europa, à luz dos novos desenvolvimentos, como as revelações divulgadas pelo Wikileaks.

Numa carta dirigida às Comissões Parlamentares de Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos e dos Direitos do Homem, Carlos Coelho, que presidiu à comissão do Parlamento Europeu (PE) sobre os voos da CIA, recordou que a resolução aprovada pelo hemiciclo na sequência dos trabalhos dessa comissão, em 2007, pediu expressamente às instituições europeias e aos Governos dos Estados-membros para que mantivessem o Parlamento informado “sobre qualquer eventual desenvolvimento ulterior".

“A verdade é que as informações que recebemos continuam a ser por iniciativa de ONG, da imprensa ou de cidadãos preocupados, e não de qualquer fonte oficial, já que todos se refugiam num confortável silêncio”, observa o eurodeputado do PSD na missiva agora enviada a pedir a reapreciação de todo o "dossier".

Carlos Coelho faz referência, designadamente, às novas revelações obtidas pelo site Wikileaks, documentos e factos divulgados pela imprensa de investigação e por ONG na área dos Direitos Humanos e um relatório recente da Amnistia Internacional.

O deputado português acha importante, por isso, a assembleia recensear todas as novas informações conhecidas desde fevereiro de 2007, identificar até que ponto elas completam, confirmam ou contradizem o que o PE apurou à data, identificar eventuais contradições com declarações e testemunhos prestados, e recensear as recomendações do PE que não tiveram seguimento e identificar os responsáveis.

Por fim, Carlos Coelho propõe a realização de um conjunto de audições ou diligências que devam ser feitas face às novas informações obtidas.

Na semana passada, em declarações à agência Lusa, Carlos Coelho já defendera que a assembleia deveria confrontar responsáveis políticos, incluindo portugueses, com alegadas contradições entre os seus depoimentos e informações que têm sido divulgadas pelo Wikileaks.

Na altura, o eurodeputado ressalvou que “há países bem mais complicados que Portugal” relativamente ao alegado envolvimento no transporte ilegal de suspeitos de terrorismo, mas apontou que, por exemplo, a informação divulgada, pelo Wikilealks, de que terá havido pedidos formais dos Estados Unidos a Lisboa para a passagem de aviões pelo país, contradiz em absoluto “todas as garantias” dadas pelas autoridades portuguesas à assembleia de que tal não sucedera.

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