Depois da explosão que matou 35 pessoas no aeroporto de Moscovo, Medvedev vai passar apenas algumas horas em Davos, fazendo hoje o discurso de abertura do fórum antes de voltar à capital russa no final do dia, disseram funcionários do Kremlin.
Segundo o plano inicial, Medvedev deveria ter chegado na terça-feira à estância de Inverno suíça, para apresentar as oportunidades de investimento na Rússia aos cerca de 2.500 participantes, entre os quais 27 chefes de Estado e de Governo e 1.400 presidentes executivos e altos quadros das maiores empresas mundiais.
“Devido à tragédia, o programa da minha visita a Davos foi consideravelmente reduzido”, disse Medvedev, numa entrevista que o jornal russo Vedomosti hoje publicou.
“Tomei a decisão de participar no fórum porque é um evento global muito importante para apresentar a nossa posição”, disse ainda o presidente russo, acrescentando que a Rússia “está à procura de investimento, para ter um crescimento rápido que permita recuperar da crise”.
Na segunda-feira, um ataque à bomba, ainda não reivindicado, matou 35 pessoas e feriu outras 180 no terminal de chegadas internacionais no aeroporto de Domodedovo.
Entretanto, apesar das alterações no programa de Medvedev, o Fórum de Davos teve hoje início com o debate das novas dinâmicas do poder na economia global, que, no entender da organização e dos participantes, está a deslocar-se para o Oriente e para os países do Sul.
“O que está a acontecer, na realidade, é um desacelerar do mundo Ocidental ao mesmo tempo que os mercados emergentes estão a crescer. É uma mudança completa nos equilíbrios de poder”, disse Azim Premji, presidente da tecnológica indiana Wipro.
“Em dez anos, a economia dos países emergentes será igual ou um pouco maior que a economia dos Estados Unidos”, acrescentou.
No mesmo painel, o mais alto funcionário chinês no Fundo Monetário Internacional, Zhu Min, defendeu que a recuperação económica mundial está a ser conduzida sobretudo pela China e pela Índia.
“Para os mercados emergentes, o crescimento é muito forte. A China ainda vai conseguir ter cerca de nove por cento, a Índia terá cerca de oito por cento”, acrescentou Zhu, antigo vice-governador do banco central chinês.
Martin Sorrell, presidente executivo da WPP, o segundo maior grupo publicitário mundial, resumiu a posição do painel: “Não é só uma passagem de poder do Ocidente para o Oriente, mas também” do Ocidente para o hemisfério Sul.
“Esta é década da América Latina, com o Brasil a organizar o Campeonato do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos. E, na Ásia, não é só a Índia e a China, mas também países como o Paquistão, o Bangladesh e a Tailândia”.
O encontro de Davos, com o tema “Normas Partilhadas para uma Nova Realidade”, decorre entre 26 e 30 de janeiro.
Foto: Arquivo LW
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