Marina Raposeiro concorda com o irmão e, para ilustrar o aumento das facturas pendentes, aponta para uma série de dossiers que tem junto à secretária: "Antes tinha um dossier em que arquivava as facturas por pagar. Hoje em dia tenho dois."
"O preço dos produtos aumentou e os clientes não gostam de pagar mais pelo produto. Para fazer frente à concorrência, temos baixado as margens [de lucro, n.d.R.]. Dá para as despesas mas já não dá para ganhar dinheiro como dantes", conclui Jorge Raposeiro.
Margens de lucro mais curtas
A opinião é unânime: para fazer frente ao aumento das despesas há que flexibilizar os preços para continuar a atrair os clientes. Todos os comerciantes com quem o CONTACTO conversou dizem que é a única forma de se manterem à tona. Para os Talhos Ferreira, 2010 foi um ano muito difícil. Pedro Ferreira, sócio-gerente da empresa, diz que "as pessoas compram a mesma quantidade, dispendem é menos dinheiro porque compram produtos mais baratos." Nesse mesmo ano, a carne foi comprada "mais cara" aos fornecedores e venderam-na "ao mesmo preço, logo as margens de lucro desceram. Esse foi o grande problema em 2010: vimos que as pessoas não compravam. Se fôssemos aumentar os preços espantávamos as pessoas", diz.
Depois de um milhão e meio de euros investidos na fábrica Sud Viandes, em Janeiro de 2010, que foi criada para tratar as carnes compradas aos fornecedores, Pedro Ferreira acrescenta que os investimentos "estão afectados pela quebra nas vendas em 2010". "Estávamos à espera que as vendas acompanhassem o investimento, mas não é o caso."
Nos Talhos Brill, o lema do negócio é "Qualidade ao melhor preço". Mesmo que signifique ganhar menos. O importante é manter os clientes. José Pinto, director-comercial, afirma que praticam "preços um pouco mais baixos" do que as grandes superfícies. "E com os preços mais baixos as margens de lucro estão mais curtas."
Natal não foi a época mais feliz do ano
Para a grande maioria dos comerciantes, o Natal de 2010 não foi uma época nada feliz em termos de vendas e de afluência de clientes. O nevão que caiu no dia 24 de Dezembro obrigou as pessoas a ficar em casa e os lucros esperados para aquela época do ano foram perdidos.
Pedro Ferreira, dos Talhos Ferreira, não hesita em afirmar que o Natal de 2010 foi negro. "O Natal de 2010 foi uma desgraça por causa da neve. Tivemos muito prejuízo devido à neve porque os clientes não podiam sair de casa e nós tínhamos mercadoria encomendada."
A mesma opinião tem Marina Raposeiro, das Boissons Raposeiro. "Notei uma grande diferença no Natal do ano passado em relação a 2009. Tivemos menos clientes e foi tudo muito calmo. Tudo por causa da neve."
Texto e fotos: Irina Ferreira
Texto e fotos: Irina Ferreira
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