Os países consumidores de petróleo têm à disposição reservas de emergência para estabilizar os mercados, caso a violência na Líbia e no Médio Oriente dificulte o abastecimento, disse hoje um alto responsável da Agência Internacional de Energia (AIE).
David Fyfe, que lidera o departamento do sector petrolífero e mercados da AIE, disse que os 28 países membros da organização, sobretudo consumidores como os Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Alemanha, têm reservas de 1,6 mil milhões de barris – o equivalente a quatro milhões de barris de petróleo por dia nos próximos 12 meses – que podem colocar no mercado, se necessário.
“É uma opção de último recurso, mas vale a pena relembrar que existe e que foi utilizada no passado, quando houve interrupções de fornecimento (…) É uma espécie de seguro para o mercado. Em nossa opinião, não é algo que deva ser utilizado para fazer gestão de preços”, afirmou Fyfe, em Londres, na Semana Internacional do Petróleo, um dos eventos mais importantes do ano no sector.
A AIE só utilizou duas vezes as reservas dos países, para estabilizar os mercados durante a primeira Guerra do Golfo, em 1991, e depois do Furacão Katrina ter atingido o Golfo do México, em 2005.
Os preços do petróleo aumentaram hoje com a escalada de violência na Líbia, nos protestos contra o regime de Muammar Kadhafi, cujo filho ameaçou, no domingo, que os manifestantes arriscam dar origem a uma guerra civil que “vai queimar” a indústria e a riqueza petrolífera da líbia.
A Líbia exporta cerca de mil milhões de barris de crude por dia, mas mais preocupante para os mercados é a possibilidade dos protestos se espalharem para à Arábia Saudita e ao Kuwait.
Fyfe considerou que a situação no Médio Oriente é de “verdadeira preocupação”, lembrando que a região representa 60 por cento de todo o petróleo no mundo e 40 por cento da totalidade do gás natural.
“Os acontecimentos no Médio Oriente são motivo de intensa preocupação, à medida que evoluem”, disse Ian Smale, o director de estratégia da petrolífera britânica BP, também na Semana Internacional do Petróleo.
“Especificamente em relação à Líbia, a nossa primeira preocupação são os nossos funcionários e a integridade das nossas operações”, acrescentou Smale, reafirmando que a Líbia não é uma das maiores bases de produção da BP.
A petrolífera britânica, que tem no país cerca de 140 funcionários, admitiu hoje que está a fazer preparativos para retirar da Líbia famílias e pessoal não-essencial.
A BP está a preparar a exploração de um campo petrolífero em Ghadames, no Oeste do país, trabalhos que agora vão ser suspensos.
Em 2007, a BP chegou a acordo com o regime líbio, do coronel Muammar Kadhafi, para explorar cinco poços no Golfo de Sirte, a uma profundidade de 1.700 metros.
Os protestos na Líbia, um dos maiores produtores mundiais de petróleo, iniciaram-se a 15 de Fevereiro, com os manifestantes a exigir o fim do regime de Kadhafi.
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