Seis candidatos, num espetro político que, segundo os analistas, vai da "esquerda mole" à "esquerda radical", disputam este domingo a nomeação pelo Partido Socialista (PS) francês à eleição presidencial de 2012.
A primária socialista, inédita em França, antecipou para 2011 a luta eleitoral contra o Presidente Nicolas Sarkozy, prevista para abril de 2012, com meses de campanha e combate eleitoral no seio dos socialistas e também da esquerda francesa.
A principal inovação da primária, a sua abertura a todos os cidadãos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais, alargou politicamente o âmbito do debate e das propostas, salientam vários analistas na imprensa, uma vez que o candidato do PS será escolhido também por votos de eleitores da extrema-esquerda, do centro e, até, potencialmente, da direita.
O favorito das sondagens é François Hollande, antigo dirigente do PS, que consolidou a sua vantagem após o terceiro debate televisivo entre os candidatos, no dia 05 de outubro.
Hollande, que segundo os comentadores políticos franceses, escolheu uma estratégia de "primus inter pares", realizou a sua campanha com a postura e a serenidade de quem se assume, já, como o escolhido para enfrentar Nicolas Sarkozy.
A principal proposta do antigo líder socialista, e a mais polémica dentro da própria esquerda francesa, é um "contrato geracional" para a criação de 60 mil postos de trabalho para jovens profissionais.
Os "hollandeses", como a imprensa designa os apoiantes de François Hollande, elogiam a sua cultura política e a capacidade de gerar consensos e de "federar" as várias sensibilidades no seio da família socialista e de atrair parte do eleitorado do centro.
A principal rival de Hollande é Martine Aubry, secretária nacional do PS (que suspendeu essas funções para a campanha da primária), líder do partido e presidente da Câmara de Lille (norte), identificada normalmente com "militância" e "partido".
Aubry afirma que "governar é escolher" e que "não se pode vencer uma direita dura com uma esquerda mole". No centro do seu programa eleitoral está uma reforma da Educação, que Martine Aubry promete pôr em prática "logo a 07 de maio", no primeiro dia de mandato se chegar à chefia de Estado.
Os outros candidatos à primária socialista são Ségolène Royal, presidente da Região de Poitou-Charentes (sudoeste), candidata derrotada em 2007 por Nicolas Sarkozy, e ex-mulher de François Hollande; Manuel Valls, presidente da Câmara de Evry; o deputado Arnaud Montebourg e Jean-Michel Baylet, senador e presidente do Partido Radical de Esquerda, único candidato não socialista.
Ségolène Royal apresenta um Contrato com a Nação 2012, para uma "República do respeito pela ordem social justa". Royal, que diz ter "unido os franceses em 2007", pretende "agir para transformar" e promete uma "revolução ecológica" no centro das suas propostas sociais de "proteção dos trabalhadores contra os patrões ladrões".
Arnaud de Montebourg tem-se distinguido como o "outsider" da campanha, defendendo "o protecionismo europeu", "o repatriamento de capitais" e uma série de medidas que ele resume com a expressão "desmundialização", um programa considerado "lírico" para muitos analistas políticos, para quem o deputado "não para de sonhar com Obama".
Manuel Valls, de origem catalã, tem sido apelidado nesta campanha como "a ala direita do PS", refugiando-se em temas como a segurança interna e a competitividade nos debates com os seus rivais da primária.
Jean-Michel Baylet, presidente do Partido Radical de Esquerda, é o único candidato exterior ao PS e decidiu apresentar a sua candidatura para, explicou, "evitar que [a líder da Frente Nacional, extrema-direita] Marine Le Pen seja a adversária de Nicolas Sarkozy na segunda volta da presidencial". Baylet defende uma "Europa federal" como único caminho a seguir no atual momento de crise económica.
Uma segunda volta da primária socialista está prevista para dia 16 de outubro, no caso provável de nenhum dos seis candidatos conseguir mais de 50 por cento dos sufrágios à primeira volta, neste domingo.
Pedro Rosa Mendes,
da Agência Lusa

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