sexta-feira, 23 de março de 2012

Luxemburgo: "The Last Virgin" satiriza os fundamentalismos religiosos

Foto: TNL
"The Last Virgin" é uma sátira desempoeirada sobre os fundamentalismos religiosos, o conflito israelo-palestiniano e é também uma crítica mordaz aos preconceitos raciais. A peça de teatro, em língua inglesa, estreou nos Ateliers do Thêatre National du Luxembourg (TNL), na sexta-feira, com lotação esgotada.

Um judeu, um muçulmano e um católico num bar protagonizam um jogo de enganos no qual assenta o carácter satírico de "The Last Virgin" ("A Última Virgem"), a peça de teatro do escritor e jornalista israelita Tuvia Tenenbom, que estreou na sexta-feira nos Ateliers do Thêatre National du Luxembourg (TNL), na capital.

Cada um dos três homens faz-se passar por quem não é e, neste jogo de enganos, desconstroem-se estereótipos relacionados com o conflito israelo-palestiniano e é feita uma crítica feroz e bem-humorada aos fundamentalismos religiosos.

Nesta comédia desempoeirada fala-se de bombistas suicidas, do paraíso islâmico e dos costumes judaicos. Nenhuma das três religiões – islamismo, judaísmo e catolicismo – é poupada e a peça constrói-se sobre o peso dos clichés associados a cada uma delas.

As três personagens masculinas, muçulmanas (se o espectador se fiar nas aparências), confrontam-se ao longo da peça através de uma luta ideológico-política que assenta na desconstrução de estereótipos.

A virgem, aquela que dá o nome à peça, é um fantasma sedutor que assombra os três homens e que tudo faz para os seduzir. Neste jogo de manipulações, a mulher, Fátima, aparenta ser presa fácil às congeminações engendradas pelos três homens; cada um parece ter propósitos nada claros em relação a ela.

O Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo, serve de rastilho a todos os complots magicados pelas três personagens masculinas. Os três homens querem destruir o Muro. Se aquele local de oração desaparecesse da cidade de Jerusalém, os judeus deixariam de ter razões para continuar na Terra Santa e voltariam para a sua cidade-natal, Nova Iorque. Mas como fazê-lo? Fátima é, aos olhos de todos, a escolha evidente. Uma virgem judia que, num atentado bombista suicida, fizesse explodir o local mais sagrado do judaísmo, seria considerada um símbolo da luta palestiniana para a libertação da Terra Santa da invasão israelita. A partir daí, e em resultado dos jogos de influência que interligam as personagens numa rede crescente de enganos, nada corre conforme o previsto.

Foto: TNL
 "The Last Virgin" é encenada por Anne Simon e é da autoria de Tuvia Tenenbom. Tenenbom é fundador do The Jewish Theater of New York (Teatro Judeu de Nova Iorque). O jornal New York Times descreveu a obra teatral de Tenenbom como "irresistivelmente fascinante, sedutora e envolvente". A peça é protagonizada por Arash H. Marandi, Leila Anaïs Schaus, Raoul Schlechter e Milton Welsh.

"The Last Virgin" tem sido encenada nos Estados Unidos e na Europa nos últimos 10 anos. A peça foi primeiro encenada nos Estados Unidos, no Teatro Judeu de Nova Iorque, e recebeu rasgados elogios por parte dos críticos de teatro norte-americanos.

O Teatro Judeu de Nova Iorque, fundado em 1994, foi considerado o teatro judeu mais inovador do mundo pelo jornal italiano Corriere della Sera e é o único teatro judeu de língua inglesa em Nova Iorque.

A peça sobe hoje ao palco às 20h. Há ainda mais três actuações, nos dias 23, 29 e 30 de Março, sempre às 20h. Os bilhetes custam 20 euros e podem ser comprados através do site de internet do TNL
(http://www.tnl.lu/fr/index.php).

Texto: Irina Ferreira

Sem comentários:

Enviar um comentário