quarta-feira, 14 de março de 2012

Luxemburgo: Mais de metade dos dadores de medula óssea são portugueses



Mais de metade dos dadores de medula óssea registados na base de dados luxemburguesa são de origem portuguesa. Quem o diz é o presidente da Associação de Dadores de Medula Óssea do Luxemburgo, Claude Hemmer, em declarações ao CONTACTO.

 A base de dados do Luxemburgo tem perto de nove mil dadores registados e mais de metade são de origem portuguesa. Em 2003, houve uma campanha para encontrar um dador compatível com David Fonseca (uma criança portuguesa com leucemia, que acabaria por falecer no ano seguinte), e a nossa lista de dadores aumentou exponencialmente no espaço de poucos dias. Podemos dizer que entre seis e sete mil dadores se inscreveram nessa altura. Entre essas pessoas, a maioria era portuguesa, pois tratava-se de uma criança portuguesa que procurava um dador compatível, mas havia também luxemburgueses e outras nacionalidades", disse ao CONTACTO Claude Hemmer, à margem de uma visita à Fundação Morsch, na Alemanha.

Quase uma década depois, e a convite da Associação de Dadores de Medula Óssea do Luxemburgo (ADML), o CONTACTO foi visitar esta segunda-feira, a clínica alemã onde David Fonseca esteve em tratamento. Situada entre Trier e Kaiserlautern, a Fundação Morsh existe há 26 anos e é líder no campo da assistência a pacientes com leucemia e tumores. Todos os dias responde a solicitações para encontrar potenciais dadores de medula óssea e células estaminais. Para isso, conta com o maior laboratório da Europa e uma base de dados com 380 mil potenciais dadores.

Com uma actuação que ultrapassa já a fronteira alemã, a Fundação Morsch é responsável pela tipificação e gestão de dadores de países como o Luxemburgo, Rússia ou Jordânia.

No Luxemburgo, a ADML é quem trabalha com a clínica alemã e quer continuar a aumentar o número de dadores no Grão-Ducado.

“Entre os irmãos, a possibilidade de ser compatível é de 25 %. Apesar de a nossa lista ter nove mil dadores registados, queremos mais. Cada pessoa tem uma identidade biológica, mas pode haver semelhanças e compatibilidade entre pessoas que não são familiares. Por isso, queremos mais potenciais dadores para salvar mais vidas”, desafia Claude Hemmer, que é também o primeiro conselheiro do Ministério da Saúde.

A medula é indispensável à vida, pois assegura a produção das células estaminais, que originam os glóbulos vermelhos e brancos e as plaquetas. As células estaminais podem ser retiradas do sangue ou da medula óssea, que é retirada do interior dos ossos da bacia.

Tal como no caso de David Fonseca, 80 % dos casos de transplante de medula óssea devem-se a casos de leucemia. O transplante permite trocar a medula óssea doente por uma medula óssea sã retirada de um dador compatível.

No Luxemburgo, existe um perfil do dador: ter entre 18 e 51 anos (mas uma vez inscrito, pode doar até aos 60 anos), gozar de boa saúde e aceitar responder a um questionário de saúde e fazer algumas análises biológicas. No caso das mulheres, a potencial dadora não pode inscrever-se depois da segunda gravidez.

Mais informações junto da Associação de Dadores de Medula Óssea do Luxemburgo, por email (info@dondemoelle.eu) , ou na sede, em Strassen (168, rue des Romains), na capital.  

Texto e foto: Henrique de Burgo

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