terça-feira, 16 de junho de 2009

Crónica/Segredos de Melusina: Ermesinde, condessa (Gräfin) do Luxemburgo (vu Lëtzebuerg)

Na cidade (an der Stad) do Luxemburgo, exactamente (genau) na praça de Armas (d’Plëss), existe um edifício chamado "Cercle municipal" (cujas salas, aliás, acolheram entre (zwëschen) 1953 e 1969, as reuniões dos conselhos de ministros da Alta Autoridade da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), que tem no seu frontispício um baixo-relevo dedicado à condessa Ermesinde do Luxemburgo.

A condessa Ermesinde do Luxemburgo, nascida (gebuer) em 1186, nada (näischt) tem a ver com a cidade portuguesa de Ermesinde, a não ser a semelhança do nome. Enquanto o topónimo português parece (schéngt) derivar de Ermezenda, Ormisenda ou Ermisenda e poder ter origem, entre (zwëschen) diversas eventualidades, no nome (Numm) de uma filha (Duechter) do rei das Astúrias nascida por volta do ano de 720, a condessa Ermesinde do Luxemburgo, era a filha única (eenzeg) de Henrique IV, conde (Grof) de Luxemburgo e de Namur. O seu nome também (och) terá tido várias grafias, encontrando-se, por vezes, designada como Ermenson ou Ermensor.

O seu condado (Grofschaft), englobava então territórios bem mais vastos (vill méi grouss) do que aqueles que hoje formam o Grão-Ducado. Quando Ermesinde de Luxemburgo nasceu, já o seu pai era idoso (al) e já havia designado como sucessor, o seu sobrinho (Neveu) Balduíno V de Hainaut. Foi quando a menina fez dois anos que o pai decidiu rever a sua sucessão e dar-lhe como noivo o conde Henrique de Champagne. É evidente que, com semelhante decisão, logo o sobrinho entrou em guerra para não perder (verléieren) nem o poder (d’Muecht), nem os territórios que lhe haviam sido prometidos.

Os novos desígnios do conde do Luxemburgo resultaram numa sucessão de conflitos que levaram o conde de Champagne a romper o noivado e, posteriormente (duerno), deram lugar ao casamento (Bestietnes; Hochzäit) de Ermesinde com Tiubaldo I, conde de Bar – o qual, defendendo os direitos da condessa, prosseguiu a tentativa de reconquista de Namur.
Viúva (Witfra) aos 27 anos, a condessa casou com o conde do Limburgo, Waléran III, tendo ambos (allen zwee; alle béid), após (no) lutas incessantes, assinado em 1223 o Tratado de Dinant – renunciando, assim, definitivamente (ee fir allemol), ao território de Namur, conquistado por Balduíno. Ermesinde enviuvou uma segunda vez (eng zweet Kéier) mas não voltou a casar, prosseguindo, durante (während) 21 anos, e de forma exemplar, o governo do condado do Luxemburgo a quem trouxe paz (Fridden) e prosperidade.

A inteligência e a prudência com a qual administrou o reino leva certos historiadores a considerá-la como a fundadora do Luxemburgo moderno. Foi ela quem (wien), em 1244, outorgou o foral (Fräiheetsbréif) à cidade do Luxemburgo.

É, precisamente, esta "ilustração" em pedra (Steen) que se encontra esculpida na fachada do edifício da praça de Armas – a entrega da "carta de franquia" aos burgueses da cidade, com a qual os liberta da autoridade feudal e das obrigações de vassalagem, proporcionado-lhes assim autonomia política e administrativa.

Outras cidades tinham já beneficiado antes destas liberdades acordadas pela condessa: Echternach (Iechternach) em 1236 e Thionville (Diddenuewen) em 1239. A condessa Ermesinde faleceu (as gestuerwen) em 1247 e está sepultada (as begruewen) no convento (Klouschter) que fundou em Clairefontaine, perto (bei) de Arlon (Arel).

Diz a lenda que, cem anos antes (virdrun), S. Bernardo terá passado por ali com o papa Eugénio III a caminho de Trier e, exactamente naquele sítio, terá benzido uma nascente de água que ainda hoje tem o nome de fonte de S. Bernardo.

Maria Januário

(rubrica quinzenal de civilização, cultura e língua luxemburguesas;
próxima publicação a 24 de Junho)

(o resto do artigo pode ser lido na edição de 10.06.2009 do Contacto)

Sem comentários:

Enviar um comentário