Na cidade (an der Stad) do Luxemburgo, exactamente (genau) na praça de Armas (d’Plëss), existe um edifício chamado "Cercle municipal" (cujas salas, aliás, acolheram entre (zwëschen) 1953 e 1969, as reuniões dos conselhos de ministros da Alta Autoridade da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), que tem no seu frontispício um baixo-relevo dedicado à condessa Ermesinde do Luxemburgo.
A condessa Ermesinde do Luxemburgo, nascida (gebuer) em 1186, nada (näischt) tem a ver com a cidade portuguesa de Ermesinde, a não ser a semelhança do nome. Enquanto o topónimo português parece (schéngt) derivar de Ermezenda, Ormisenda ou Ermisenda e poder ter origem, entre (zwëschen) diversas eventualidades, no nome (Numm) de uma filha (Duechter) do rei das Astúrias nascida por volta do ano de 720, a condessa Ermesinde do Luxemburgo, era a filha única (eenzeg) de Henrique IV, conde (Grof) de Luxemburgo e de Namur. O seu nome também (och) terá tido várias grafias, encontrando-se, por vezes, designada como Ermenson ou Ermensor.
O seu condado (Grofschaft), englobava então territórios bem mais vastos (vill méi grouss) do que aqueles que hoje formam o Grão-Ducado. Quando Ermesinde de Luxemburgo nasceu, já o seu pai era idoso (al) e já havia designado como sucessor, o seu sobrinho (Neveu) Balduíno V de Hainaut. Foi quando a menina fez dois anos que o pai decidiu rever a sua sucessão e dar-lhe como noivo o conde Henrique de Champagne. É evidente que, com semelhante decisão, logo o sobrinho entrou em guerra para não perder (verléieren) nem o poder (d’Muecht), nem os territórios que lhe haviam sido prometidos.
Os novos desígnios do conde do Luxemburgo resultaram numa sucessão de conflitos que levaram o conde de Champagne a romper o noivado e, posteriormente (duerno), deram lugar ao casamento (Bestietnes; Hochzäit) de Ermesinde com Tiubaldo I, conde de Bar – o qual, defendendo os direitos da condessa, prosseguiu a tentativa de reconquista de Namur.
Viúva (Witfra) aos 27 anos, a condessa casou com o conde do Limburgo, Waléran III, tendo ambos (allen zwee; alle béid), após (no) lutas incessantes, assinado em 1223 o Tratado de Dinant – renunciando, assim, definitivamente (ee fir allemol), ao território de Namur, conquistado por Balduíno. Ermesinde enviuvou uma segunda vez (eng zweet Kéier) mas não voltou a casar, prosseguindo, durante (während) 21 anos, e de forma exemplar, o governo do condado do Luxemburgo a quem trouxe paz (Fridden) e prosperidade.
A inteligência e a prudência com a qual administrou o reino leva certos historiadores a considerá-la como a fundadora do Luxemburgo moderno. Foi ela quem (wien), em 1244, outorgou o foral (Fräiheetsbréif) à cidade do Luxemburgo.
É, precisamente, esta "ilustração" em pedra (Steen) que se encontra esculpida na fachada do edifício da praça de Armas – a entrega da "carta de franquia" aos burgueses da cidade, com a qual os liberta da autoridade feudal e das obrigações de vassalagem, proporcionado-lhes assim autonomia política e administrativa.
Outras cidades tinham já beneficiado antes destas liberdades acordadas pela condessa: Echternach (Iechternach) em 1236 e Thionville (Diddenuewen) em 1239. A condessa Ermesinde faleceu (as gestuerwen) em 1247 e está sepultada (as begruewen) no convento (Klouschter) que fundou em Clairefontaine, perto (bei) de Arlon (Arel).
Diz a lenda que, cem anos antes (virdrun), S. Bernardo terá passado por ali com o papa Eugénio III a caminho de Trier e, exactamente naquele sítio, terá benzido uma nascente de água que ainda hoje tem o nome de fonte de S. Bernardo.
Maria Januário
(rubrica quinzenal de civilização, cultura e língua luxemburguesas;
próxima publicação a 24 de Junho)
(o resto do artigo pode ser lido na edição de 10.06.2009 do Contacto)
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