"Os protestos nas ruas [de Teerão] já não têm nada a ver com este ou com aquele candidato, o que se procura é o fim do regime tirânico, o fim da teocracia, a liberdade no Irão", afirmou à agência Lusa Shahin Gobadi, do Conselho Nacional da Resistência Iraniana, organização que permanece activa na oposição à República Islâmica a partir do exterior.
Assiste-se a uma espécie de "explosão depois de 30 anos de repressão", afirmou Gobadi, indicando que um dos "slogans" das manifestações é "abaixo Khamenei", visando o próprio ayatollah Ali Khamenei, líder supremo do Irão. Na sua opinião, o Irão atravessa uma fase "crucial e o que quer que aconteça, as coisas não voltam a ser como eram antes de 12 de Junho" (dia das presidenciais).
"A questão já não é [quem] ganhou ou não a eleição presidencial. O povo tem agora exigências maiores, que visam a democracia e abolição deste sistema. O povo está na rua a dizer 'Basta'".
Por seu lado, a líder do Conselho Nacional da Resistência Iraniana, Maryam Rajavi, defendeu sábado que Estados Unidos e União Europeia não deveriam considerar válida a "farsa eleitoral" no Irão. "Todos os candidatos desta farsa eleitoral são colaboradores do fascismo religioso", afirmou Rajavi para quem a verdadeira oposição ao regime é a dos que boicotaram as eleições.
Resumo dos últimos dias
Depois de os resultados oficiais das presidenciais terem indicado, sábado, que o presidente em funções, o conservador Ahmadinejad, ganhara com larga vantagem as eleições, os apoiantes do candidato mais moderado, Mir Hossein Mussavi, contestaram os resultados e começaram os protestos nas ruas de Teerão. Segunda-feira, os manifestantes voltaram a sair às ruas em apoio a Mussavi, desafiando as autoridades que tinham proibido os protestos. Na manifestação, centenas de milhares de pessoas fizeram o percurso simbólico da avenida que liga as praças da Revolução (Enqelab) e a da Liberdade (Azadi), onde foram repreendidas pelas forças policiais, havendo pelo menos um morto a registar até ao momento.
A mesma avenida foi o principal palco das sangrentas manifestações que desencadearam a queda do regime imperial e a vitória da revolução islâmica, em 1979.
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