sábado, 11 de julho de 2009

Ciclismo/Entrevista: Vinte anos depois de ter envergado a camisola amarela, Acácio da Silva faz a análise do "Tour"

Acácio da Silva correu seis vezes a Volta à França em Bicicleta. Possuidor de um excelente palmarés foi, a par do saudoso Joaquim Agostinho, quem melhor representou o ciclismo português internacionalmente. A viver no Luxemburgo desde os sete anos, faz para o CONTACTO uma análise sobre o Tour e as hipóteses dos corredores luxemburgueses na maior e mais prestigiada prova velocipédica do mundo.

O "Tour de France" é a mais prestigiada das três maiores provas do calendário ciclístico europeu, juntamente com o "Giro d'Italia" e a "Vuelta a España".

O transmontano que despontou para o ciclismo no Luxemburgo entrou também para história da mítica prova ao vestir a camisola amarela durante três dias, depois de vencer a primeira etapa (prólogo) na edição de 1989, precisamente no Grão-Ducado. Antes, já havia ganho outras duas tiradas (em 1987 e 1988), aproveitando na plenitude as suas qualidades de sprinter.

Para Acácio da Silva, participar no Tour foi "algo de inesquecível". "É uma experiência única que apenas os que a vivem podem apreciar", enfatiza.

"Mas é também uma prova muito dura e extensa. Sofre-se bastante em cima da bicicleta durante as etapas. A pressão é enorme, o calor, o andamento rápido e os perigos que surgem a cada curva são inimigos com os quais devemos lutar no dia-a-dia. O Tour está apenas destinado aos melhores do mundo", vinca.


"Vencer etapas na Volta à França e vestir a camisola amarela marca indubitavelmente a carreira de um ciclista", afirma o português que participou dez vezes na Volta à Itália (Giro), seis na Volta à Espanha (Vuelta) e sete na Volta à Suíça, onde venceu o prémio da Montanha e obteve um 2°, um 3° e um 5° lugares, e ainda um 7° posto no Giro, além de outras vitórias em importantes competições.

A edição deste ano da Volta à França (96a) volta a contar com a presença dos três luxemburgueses que brilharam na edição do ano passado: Andy e Fränk Schleck e Kim Kirchen, tendo os dois últimos envergado a famosa camisola amarela.

Sobre as possibilidades de cada um deles neste Tour,
Acácio da Silva acredita que "Andy Schleck tem todas as condições para terminar no pódio". "Andy é o mais completo dos três", reafirma.

"Tenho grande respeito e admiração pelos três, mas o Kirchen, por exemplo, é mais um corredor de equipa. Vejo-o um pouco à minha imagem, com um estilo idêntico ao meu quando eu corria. Apesar de ser um bom ciclista, não o vejo no top dez".

Sobre Fränk Schleck, embora o considere "um excelente trepador",
Acácio considera que lhe falta "a velocidade de um verdadeiro sprinter para poder ombrear com os mais fortes nos momentos-chave das etapas", explica.

"Quem verdadeiramente pode causar sensação é o Andy. Além de ser mais jovem, é um bom trepador de montanha, é rápido no contra-relógio, recupera melhor e tem uma visão mais aprofundada de como se deve gerir uma corrida e arriscar no bom momento", assinala.

"No entanto, para se chegar a Paris de amarelo, também é preciso ter sorte, como em tudo na vida", lembra o ex-ciclista natural de Montalegre.

Sobre os dois portugueses no Tour, Sérgio Paulinho e Rui Costa, Acácio da Silva acredita que "estejam longe do topo", mas gosta muito de Sérgio Paulinho. "É um ciclista com grande capacidade de trabalho como era o Joaquim Agostinho, embora não seja muito bom na montanha".

Mas, para o português residente no Luxemburgo, os grandes favoritos à vitória nesta Volta à França são o espanhol Alberto Contador, Fabian Cancellara e também Lance Armstrong". De Armstrong diz: "Se tudo correr bem, ainda poderá ter uma palavra a dizer porque tem muita experiência e qualidade", afirma.


"E não poderemos esquecer o nosso Andy", conclui, confiante.

Texto & Foto: Á. Cruz

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