quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo organiza campanha de solidariedade com vítimas das cheias no norte do arquipélago


A Embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo promove este sábado uma reunião com líderes do mundo associativo para organizar uma campanha de solidariedade para com as vítimas das cheias que assolaram o norte do arquipélago na semana passada. As chuvas torrenciais que se abateram durante vários dias nas ilhas do quadrante norte provocaram três mortos, soterrados nos escombros, e a derrocada de muitos casas, em especial na ilha de São Nicolau, a mais afectada.

A Embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo quer ajudar financeiramente as vítimas das enxurradas, e já pediu ajuda aos líderes associativos.

"O objectivo é ver com a diáspora de que forma podemos recolher fundos para minimizar o sofrimento das populações dessas ilhas", disse hoje ao CONTACTO a encarregada de Negócios de Cabo Verde no Luxemburgo, Clara Delgado.

De acordo com a diplomata, João da Luz, membro do Grupo de Trabalho sobre Imigração entre Cabo Verde e o Luxemburgo, associou-se à iniciativa, e vai estar na reunião agendada para sábado, dia 26 de Setembro, às 17h, na Embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo.

Na nota enviada aos dirigentes associativos cabo-verdianos, a encarregada de Negócios de Cabo Verde no Luxemburgo apela à participação de todos, elogiando "as qualidades humanas da [comunidade] cabo-verdiana, principalmente nas horas de solidariedade".

A chuva intensa que se abateu sobre o norte de Cabo Verde entre quarta-feira e sábado passado provocou a morte a três pessoas, uma mulher e dois filhos menores, na localidade de Ribeira Brava, ilha de S. Nicolau. O incidente ocorreu na localidade de Covoada, quando um deslizamento de terras, provocado pelas enxurradas, cobriu uma residência, soterrando as vítimas, cujos corpos já foram encontrados pelas equipas de socorro.

A chuva não caía com esta intensidade desde 1984, disseram à Lusa vários populares, deixando um rasto de destruição.

Na Ribeira Brava, além das estradas cortadas, ruas e avenidas destruídas, os moradores contam os prejuízos provocados pelas enxurradas que entraram pelas casas dentro.

A vila continua sem energia eléctrica, sem rede de telemóvel e sinal de rádio, e há uma semana que não há fornecimento de água potável.

Em Santo Antão, as chuvas deixaram praticamente isolada a povoação do Tarrafal de Monte Trigo, interior do município do Porto Novo.

“Estamos sem estrada”, disse um popular contactado pela agência noticiosa Inforpress, que apelou à Câmara Municipal do Porto Novo e ao Governo para ajudarem esta comunidade a sair do isolamento em que se encontra.

Uma mãe e dois filhos menores morreram soterrados pela lama e pedras oriundas das fortes enxurradas que assolaram a ilha nortenha de São Nicolau, em Cabo Verde, no sábado

Na Ribeira Grande, também na ilha de Santo Antão, o presidente da Câmara local, Orlando Delgado, já começou a contabilizar prejuízos.

O autarca, contactado pela RCV, destacou a destruição de um troço da estrada de penetração da Ribeira Grande e de algumas propriedades agrícolas. A situação levou o edil a solicitar ao Ministério da Educação o adiamento da abertura do ano lectivo.

Segundo Orlando Delgado, não existem condições para o início das aulas na data prevista, tendo em conta que o concelho está completamente isolado, sem possibilidades de os alunos das diversas localidades chegarem, normalmente, aos liceus.

Em São Vicente, a chuva provocou diversos estragos, tendo deixado a cidade inundada, provocando ainda o desabamento de algumas casas e deixando as ruas intransitáveis.

Na ilha da Boavista, no nordeste do arquipélago, embora tenha chovido com menor intensidade, os moradores, principalmente da zona da Barraca, um “bairro de lata”, falam em água pelos joelhos e prejuízos materiais.

P.T.A. / Lusa

Fotos: Lusa

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