segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mundial de Futebol de Rua: Portugal com "reforços" nas selecções do Luxemburgo e de Espanha

A selecção luxemburguesa, escolhida pela Caritas para representar o Grão-Ducado no Mundial de Futebol de Rua em Milão é constituído por quatro portugueses (Júnior, Mendin, Ivo e Moisés), um romeno, um jugoslavo e um italiano, além de dois técnicos sociais, Joaquim Alves (de óculos, na foto) e Stéphanie Silva (ausente da foto) Foto: Maurice Fick

Portugal tem mais cinco representantes no Campeonato do Mundo de Futebol de Rua, que decorre em Milão, além dos oito jogadores da selecção nacional: quatro na equipa do Luxemburgo e um na de Espanha.

Os irmãos Júnior e Mendin têm mãe portuguesa e pai luxemburguês e já nasceram naquele pais, mas ainda se sentem lusos.

Júnior fala português quase fluentemente, embora passe algum tempo a pensar na melhor palavra para caracterizar o que o futebol faz às pessoas: "Como é a palavra? União, sim une as pessoas!". Por isso, se numa fase posterior do campeonato tiver de defrontar a equipa portuguesa promete "fazer o melhor, jogar com fair-play e com muita alegria". "Será um prazer", assegura.

Ivo saiu há um ano da Buraca (Lisboa) para o Luxemburgo porque teve de acompanhar os pais na decisão de emigrar. "Está a correr bem, por enquanto. Dentro de dois ou três anos se calhar voltamos para passar férias", diz. "Uma vez português sempre português", garante o jogador, de 19 anos, que, no entanto, defende as cores do seu novo país nesta competição, garantindo que não facilitará num eventual confronto com Portugal. "Seria um jogo amigável, mas complicado", opina.

Moisés, de 34 anos, trocou Sintra pelo Luxemburgo para "procurar trabalho" e garante que tudo corre bem na sua vida e que só pensa regressar ao país natal para passar férias.

Joaquim Alves emigrou há 22 anos para o Luxemburgo e com a luso-luxemburguesa Stéphanie Silva forma a dupla de técnicos sociais que acompanha a primeira selecção luxemburguesa de sempre a participar num campeonato do mundo de Futebol de Rua.

Esta selecção tem ainda um jogador luxemburguês, um romeno, um jugoslavo e um italiano, numa equipa escolhida pela Caritas (ver foto).

E se os jogadores garantem estar "tudo bem" na sua vida, Stéphanie acrescenta: "Está tudo bem aqui, mas não estará quando voltarem".

"Alguns já têm casa e trabalho, outros estão na rua e outros em albergues para pessoas sem-abrigo", revela a técnica social.

O português António José Martins tem também muita vontade de dar o seu melhor... pela Espanha.

"Já falei com os meus amigos portugueses e o treinador e disse que entraria na segunda parte se defrontarmos Portugal e que darei o melhor, mas seria difícil", diz.

Um português na equipa espanhola

A viver na zona de Madrid, António, 33 anos, conta que o primeiro ano em Espanha foi difícil, mas que agora está "acostumbrado" ao clima e às pessoas "muy simpáticas". Diz que um “chico” do Porto também esteve quase a vestir a camisola espanhola, mas "arranjou trabalho há um mes e já não veio".

António tirou o curso de empregado de mesa, mas está desempregado. "Por isso é que estou aqui", explica. Quando regressar a Madrid quer voltar a estudar e já se vê como "tripulante de voo ou relações públicas num aeroporto".

"O meu objectivo não é regressar a Portugal. Agora, no campeonato, quero fazer uma boa prestação e depois quando regressar trabalhar", disse.

O sétimo Campeonato Mundial de Futebol de Rua arrancou domingo em Milão com 48 selecções formadas por jovens sem-abrigo, afectados pela pobreza extrema ou que não têm um lar.

Portugal integra o grupo H, com Alemanha, Austrália, Canadá, Malawi e Bélgica. No primeiro jogo, no domingo, a selecção nacional ganhou à Alemanha por 6-1.

Paula Lagarto,
enviada da Agência Lusa a Milão

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