A família McCann continua a exigir o pagamento de uma indemnização de pelo menos 1,2 milhões de euros ao ex-inspector da PJ Gonçalo Amaral pelas suas declarações consideradas difamatórias a propósito do desaparecimento de Madeleine.
“Estamos a pedir 1,2 milhões de euros de indemnização neste momento, mas reservamos o direito de rever este número em alta à medida que forem encontradas mais provas sobre os lucros que foram feitos com este livro”, disse quarta-feira à Agência Lusa o advogado da família, Ed Smethurst.
A proibição ontem pelo Tribunal Cível de Lisboa da venda do livro “A Verdade da Mentira” sobre o desaparecimento de Madeleine McCann, da autoria do ex-inspector da Polícia Judiciária (PJ) Gonçalo Amaral, “é a primeira fase da acção [judicial] e seguem-se outras acções noutras fases”, vincou.
Iniciada em Portugal em Maio, a acção visa processar o ex-inspector da PJ por difamação devido às suas “contínuas e grosseiras afirmações”, em Portugal e no estrangeiro, sobre o desaparecimento da criança, anunciou na altura a família.
Smethurst declarou hoje à Lusa que a decisão do tribunal português dá boas perspectivas para o resto do processo, que pretende demonstrar que “o livro do senhor Amaral, as suas teses e DVD e panfletos prejudicaram bastante a campanha pela busca de Madeleine”.
“O único argumento da campanha do senhor Amaral é que Madeleine está morta e que de alguma forma Kate e Gerry estiveram envolvidos no desaparecimento. Não há uma única prova que sustente essa teoria”, defendeu.
O advogado, que é também um dos administradores do Fundo que financia a busca por Madeleine, incluindo uma equipa de investigadores privados e a acção judicial em Portugal, acusou o ex-inspector português de ter ganho “quantidades obscenas de dinheiro por vender essa teoria através do seu livro e entrevistas”
Ao fazê-lo, sustentou, Amaral “prejudicou bastante a percepção pública” do caso e levou muitas pessoas a acreditarem na sua teoria, “provavelmente porque ele é um antigo polícia”.
“Prejudicou donativos, novas pistas, investigações, informações e testemunhos”, enumerou.
Os pais de Madeleine McCann estão, segundo o porta-voz, Clarence Mitchell, “encantados” com a decisão do juiz.
Amaral “prejudicou não só a busca ao fazer pensar que Madeleine está morta, mas foi também extremamente difamatório e insultuoso para Kate e Gerry”, disse hoje Mitchell à Lusa.
O Tribunal Cível de Lisboa decidiu, embora provisoriamente uma vez que se trata de um procedimento cautelar, a proibição de as editoras venderem os livros e vídeos "que ainda restarem nas bancas ou noutros depósitos ou armazéns e a obrigação de recolherem e entregarem a uma depositária" esses exemplares.
A acção foi interposta por Kate e Gerry McCann em conjunto com os três filhos, Madeleine, Sean e Amelie, que são representados pela advogada Isabel Duarte.
A menina inglesa Madeleine McCann desapareceu em 03 de Maio de 2007, quando tinha três anos de idade, do quarto de um apartamento num aldeamento turístico na Praia da Luz, Algarve, onde se encontrava a passar férias com os pais e os dois irmãos.
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