Projecto de eléctrico para a cidade do Luxemburgo (na imagem, a place de Paris em 2015 ou 2020), segundo a Lifschutz Davidson Sandilands, empresa que venceu o concurso da GIE Luxtram
"O dossier do eléctrico está a avançar bem", garantiu esta semana o novo ministro dos Transportes e do Desenvolvimento Sustentável, Claude Wiseler (CSV).
"Não vejo outra alternativa para a mobilidade do que o conceito já elaborado pelo Governo", disse o ministro referindo-se ao projecto "Mobilidade 2020", que prevê as infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias e as conexões intermodais a criar até ao ano 2020. O eléctrico é uma das pedras basilares do projecto "Mobilidade 2020".
A declaração de Wiseler surge como resposta ao que dissera a sua colega de partido, Martine Stein-Mergen, dias antes em entrevista ao Wort.
"Enquanto as finanças públicas não estiverem saneadas, deveríamos voltar a analisar mais uma vez as soluções alternativas ao projecto do eléctrico para a capital", disse a deputada, que é também chefe de secção do Partido Cristão-Social (CSV) na cidade do Luxemburgo. A deputada quer que o orçamento do projecto volte a ser calculado e que se estude também o custo eventual de um eléctrico subterrâneo.
Na sequência da declaração de Stein-Mergen, o Partido Alternativo Reformador Democrático (ADR) - desde sempre opositor do eléctrico e defensor do projecto de um metro - aproveitou a deixa e critica não só a deputada de ter "copiado os projectos do ADR", como acusa o CSV de ter utilizado o eléctrico como promessa eleitoral, não acreditando, lê-se num comunicado, que o projecto seja um dia realidade.
Também os socialistas (LSAP), parceiros de coligação do CSV, criticam Stein-Mergen, acusando-a de "torpedear" os projectos do seu próprio partido e do Governo.
O antigo ministro dos Transportes, o socialista Lucien Lux (que lançou o projecto "Mobilidade 2020" em 2007), insta o seu sucessor, Claude Wiseler, a dar garantias de que o projecto do eléctrico vai mesmo avante, segundo o que estipulavam os acordos feitos entre o CSV e o LSAP.
O projecto do eléctrico na capital deverá numa primeira fase (2015-2020) ligar o aeroporto do Findel à gare central, atravessando o Kirchberg, o Glacis, o boulevard Royal (na imagem), a ponte Adolphe e a avenue de la Liberté.
Numa segunda fase, deverá passar por estações periféricas situadas em Cessange, Hollerich, Howald, entre outras.
Com este projecto, o objectivo do Governo luxemburguês é promover a mobilidade fácil e rápida dentro da capital, através de um transporte público agradável e ecológico, em detrimento dos automóveis, que têm vindo a aumentar exponencialmente, nos últimos anos, o tráfego e os engarrafamentos dentro da cidade.
Uma ideia do fim dos anos 80
Facilitar a circulação e a mobilidade entre a capital, o resto do país e as regiões fronteiriças era a ambição primeira do BTB ("bus-tram-bunn", ou autocarro-eléctrico-comboio), quando foi apresentado em 1993.
Hoje, essa necessidade é ainda mais premente. A população do país aumentou três vezes mais do que o previsto, o número de postos de trabalho na capital viu-se multiplicado por 20 e o movimento de trabalhadores transfronteiriços é hoje quase 30 vezes superior ao do princípio dos anos 90.
Acresce que o aumento constante do fluxo dos utentes nos autocarros urbanos da capital faz com que as projecções alertem para que bem antes de 2020 se atinja o limite da capacidade de transporte e gestão de passageiros. Em 2020 deverão registar-se entre a Gare e o Centro Hamilius entre 60 e 80 mil movimentos de passageiros nos dias úteis, o que representa a passagem de cerca de 10 a 12 mil utentes nas horas de ponta naquele eixo.
A ideia de um eléctrico para a capital como meio de transporte prioritário tinha sido lançado desde o fim dos anos 80 pelo "Movimento Ecológico".
José Luís Correia
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