Corria o ano (d'Joer) de 1689, quando, em Mühlenbach (op der Millebach), foi fundada a primeira (déi éischt) fábrica de papel (Pabeier) . Hoje em dia (hautesdaags) , a rua (d’Strooss) íngreme que vai da rua de Muhlenbach para (op) Limpertsberg (Lamperstbierg) ainda (och) é conhecida (as bekannt) pelos nossos (eis) amigos (Frënn) luxemburgueses como a "calçada do papel" – expressão alusiva à existência dessa fábrica (Fabrik) no vale (Dall) onde (wou) agora (elo) se encontra a fábrica de faianças Villeroy e Boch que, infelizmente, também (och) já (schon) tem os seus dias (Deeg) contados...
O fundador desta fábrica de papel foi um tal Pierre Garnier que, dez (zéng) anos mais tarde (méi spéit) , a vendeu a Joseph Buisson, um outro (en aneren) francês (Fransous) oriundo da Sabóia e cuja filha (Duechter) irá casar com Jules-Joseph-Antoine Pescatore, família fulcral da história industrial do Luxemburgo. Em 1815, a dita fábrica passará a ser propriedade da família (Famill) Lamort, tipógrafos (Drécker) , editores e livreiros (Bicherhändler) de Metz (vu Metz) cujo nome (Numm) será dado ao moinho (Millen) de Muhlenbach que produzia a força motriz para a fábrica – o moinho Lamort (Lamoueschmillen) , hoje também já desaparecido.
Mais tarde, a Villeroy & Boch compra (keeft) a unidade de fabricação de papel mas, sessenta (sechzeg) anos depois (duerno) , em 1898, a fábrica será vendida mais uma vez (nach eng Kéier) . Em 1925, as instalações desta fábrica de papel servirão para (fir) uma nova unidade fabril, isto é, para a produção de sabão (Seef) e de gorduras industriais. Finalmente (schliisslech) , e após (no) 230 anos de grande (grouss) actividade industrial, face à concorrência e ultrapassada por maiores (méi grouss) tecnologias, fechou uma (eng) das grandes fábricas do Luxemburgo que forneceu durante muitos anos o papel à Bélgica (Belgien) e aos Países-Baixos (Holland) , tendo a sua demolição ocorrido no ano (am Joer) de 1930.
No entanto (awer) , Muhlenbach não detinha o monopólio do fabrico do papel no Luxemburgo (zu Lëtzebuerg) . Em 1712, um dos moinhos que existiam em Senningen foi também comprado por um francês que ali instalou uma outra unidade de produção que, cem anos (honnert Joer) mais tarde, contava com (mat) 18 (uechtzéng) operários (Aarbechter) . A mesma (d’selwecht) família Lamort que em 1815 havia comprado a fábrica de Muhlenbach, fundou em Clausen uma outra (eng aner) fábrica de papel para paredes que, em 1835, será transferida para Senningen. Dois anos depois, a mesma família irá abrir (opman) uma outra fábrica de pasta de papel entre (zwëschen) Manternach e Wecker e, nos finais de 1840, esta unidade funcionará com cerca de 200 (zweehonnert) operários. Serão igualmente os sucessores de Jacques Lamort quem (wien) retomará a produção das faianças opacas produzidas por volta de 1845 em Echternach (Iechternach) , a fábrica de faianças Dondelinger, e quem vai criar em França (a Frankräich) , exactamente (ganz genau) em Sierck-les-Bains, a importante (faméis) fábrica de "porcelana opaca" e de faiança inglesa, ou feldspática. Entretanto, em 1860, um dos filhos Lamort instala em Senningen a primeira máquina de vapor (Dampf) que vai servir ao processo de fabrico "moderno" do papel. E (an) é nesse mesmo ano que (dass) um dos membros da mesmíssima família Lamort compra a fábrica de tecelagem de algodão que existia então em Pulvermuhlen (o moinho da pólvora = Polfermillen ) e que, no decorrer dos anos, se tornará igualmente uma unidade importante de fabrico de meias (Strëmp) e de roupa interior de senhora, não só (net nëmmen) de algodão (Kotteng) , como também de lã (Woll) e de seda (Seid) . A importância desta produção de artigos de roupa era tal que, em 1936, foi criada uma marca nacional específica a estes produtos, denominada "Luxe-Lux". O número de operários que ali (do) então (deemols) trabalhava os 10.000 kg de lã, de seda e de algodão era de 35 (fënnefandrësseg) homens (Männer) , 260 (zweehonnertsechzeg) mulheres (Fraen) e seis (sechs) meninas (Meedercher) com idade inferior a 16 anos.
Uma época bem longe (ganz Wäit ewech) da actividade financeira e bancária do Luxemburgo que hoje conhecemos (déi mir haut kennen) .
Maria Januário
(Rubrica de civilização, cultura e língua luxemburguesas, publicada na segunda e na quarta semana de cada mês na edição papel do jornal Contacto; Próxima publicação: 25 de Novembro)
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