sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Luxemburgo/Gripe A: Governo está preparado para possível pico da doença no Inverno

A campanha de vacinação contra o vírus H1N1 já vai na quarta semana. Os dados oficiais dão conta que até agora mais de dezanove mil pessoas terão optado por se vacinar contra a nova estirpe do vírus da gripe. No Luxemburgo, pelo menos até ao fim desta semana, vão continuar a funcionar os três centros de vacinação espalhados pelo país. Tudo na maior das calmas. Numa semana em que se ficou a saber que o vírus vitimou mortalmente mais uma pessoa no país.

O procedimento é simples e não demora mais de quinze minutos. Quem chega ao centro de vacinas instalado especificamente no centro de Geeseknappchen, em Merl, na capital, recebe toda a informação necessária para a toma da vacina e até documentos traduzidos para português.
Maria da Conceição Alves e Joaquim Pinto tiraram o dia de quinta-feira para se vacinarem contra o vírus H1N1. O casal, na casa dos cinquenta anos, garantiu ao CONTACTO que é tudo muito rápido e que o serviço esta muito bem montado. "Chegámos e fomos logo atendidos. Eu infelizmente não pude tomar a vacina porque ainda não passaram três semanas desde que tomei a da gripe sazonal, mas a minha mulher foi. Não dói nada e estamos mais protegidos", desabafa o marido. Na mão trazem ainda os papéis que lhes entregaram antes da vacina. "Eles explicam tudo muito bem e fazem um questionário muito rigoroso. Foi através das minhas respostas a este questionário que me disseram que eu ainda não podia ser vacinado; só para a semana", explica pormenorizadamente Joaquim Pinto.

Mas então de que trata o questionário? Sobretudo de aspectos ligados ao estado geral de saúde dos pacientes e de questões que possam detectar uma possível reacção negativa às substâncias activas da vacina. O paciente deve responder se tem febre; se é alérgico às proteínas do ovo, do frango ou às proteínas da clara do ovo; se foi vacinado contra a gripe sazonal nas últimas três semanas; se tem problemas de coagulação de sangue; se teve algum problema nas vacinas tomadas anteriormente; se tem doenças crónicas e finalmente, para as mulheres, se está grávida. No fim deste questionário está uma linha em branco reservada ao consentimento do paciente: "o paciente (ou seu representante legal) declara ter tomado conhecimento das informações relativas à vacinação contra o vírus H1N1 e afirma que consente ser vacinado". Depois assina: nome, apelido e morada. Na mesma ocasião, os médicos e enfermeiros de serviço no posto de vacinas dão também uma fotocópia da bula da vacina, a Pandermix (mas desta vez não há tradução para a língua portuguesa).

O objectivo é pôr os pacientes a par das reacções adversas da "pica": dores de cabeça, náuseas, febre e dores musculares.
E sobre os possíveis efeitos secundários da vacina, Conceição Alves e Joaquim Pinto não têm muitas dúvidas: "Efeitos secundários!? mas todos os medicamentos têm efeitos secundários. Se eu tivesse a certeza de que não apanhava a gripe, não me vacinava, mas assim, mais vale prevenir do que remediar", desabafa sorridente Conceição Alves.

"E digo-lhe mais: há muitos anos que tomo a vacina contra a
gripe sazonal porque desta forma evito ficar doente durante as férias do Natal, em Portugal. Por causa do frio e da falta de aquecimento nas nossas casas, é mais fácil apanhá-la na terra do que aqui, e a vacina sempre deve proteger qualquer coisa".

Joaquim Pinto faz parte daquele tipo de pessoas a quem se recomenda tomar a vacina: "Sou diabético e hipertenso e por isso os médicos recomendam a vacina. A médica que está aqui de serviço diz que nos países nórdicos as pessoas levam as duas vacinas ao mesmo tempo, mas aqui fazem intervalos de três semanas e por isso volto cá de hoje a oito dias", conclui Joaquim Pinto.

"DÓI MUITO"

Vanessa Cardoso, nove anos, está de volta ao centro de vacinas, acompanhada pela mãe. Já levou uma dose da Pandermix e na passada quinta-feira voltou para tomar a segunda dose, mas como ainda não tinha passado o intervalo das três semanas, voltou para casa sem ser vacinada.

"Dói muito", conta a Vanessa ao CONTACTO. A mãe garante no entanto que os dois filhos foram vacinados e que "felizmente não tiveram grandes reacções: nada de febre, nem vómitos. Apenas uma dor e um ligeiro inchaço no braço onde levou a pica", refere Guida Cardoso ao CONTACTO. "Eles avisaram-me que podia ocorrer este tipo de reacções, mas connosco não apareceu nada. Alertam inclusive que no caso dos sintomas persistirem, durante dois dias, devíamos consultar o médico".

As crianças tomam a vacina em duas doses, ao contrário dos adultos. A dose ministrada em ambos os casos é a mesma, mas com um intervalo de três semanas no caso dos mais pequenos.

Ao Centro de Geeseknappchen recorrem sobretudo pessoas mais idosas e crianças. O choro dos mais novos ecoa no grande edifício que foi preparado para acolher o centro de vacinas na capital. Mas se os pais levam os filhos à vacina, eles, pelo contrário, não a tomam. "Eu cá hei-de safar-me, agora eles é que é pior", diz Guida Cardoso. "O pediatra dos meus filhos aconselhou-me a vaciná-los, agora para mim é outra história. Há-de ser o que Deus quiser!"

Só na semana passada o centro de vacinas da capital recebeu em média, por dia, cerca de setecentas a oitocentas pessoas. Mas já foi pior. "Na primeira semana de vacinas, aqui neste centro, chegámos a atender 1.500 pessoas por dia. Agora isto está mais calmo", revela ao CONTACTO Marc Fiedler, da comuna do Luxemburgo e responsável pela direcção do Centro.

Fiedlert garantiu ainda que o Governo está preparado para o possível pico da epidemia da gripe, que se espera que possa acontecer lá para meados de Dezembro, princípios de Janeiro. "Estamos prontos para atender 1.500 pessoas por dia aqui neste mesmo centro. O Governo tem preparado um plano de contingência para fazer face ao possível pico da epidemia provocada pelo vírus H1N1, e para isso está prevista a abertura de dois centros de tratamento: um aqui onde estamos e o outro numa outra zona do país".

Desde o inicio da campanha de vacinação contra o vírus H1N1 tinham sido vacinadas até à passada sexta-feira 19.323 pessoas. Só na semana passada foram vacinadas 5.670.

Na passada segunda-feira, o Governo informou que um homem de 48 anos morreu vitima de complicações provocadas pelo vírus H1N1. É a segunda vítima mortal no Luxemburgo. A primeira foi também um homem de 55 anos. Morreu no final do mês de Setembro.

Domingos Martins
Fotos: Manuel Dias

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