Mais de metade dos residentes no Luxemburgo, 55% no total, considera que a pobreza é um fenómeno comum no país, segundo a sondagem periódica europeia Eurobarómetro.
A percentagem parece relativamente elevada numa sociedade com elevados padrões de bem-estar material, mas acaba por colocar o Grão-Ducado como o sétimo país mais optimista dos 27 neste aspecto particular.
A nível europeu, 73 % consideram a pobreza como "frequente” no seu país. Portugal apresenta-se como um país particularmente pessimista, dado que 88 % dos inquiridos consideram que a pobreza é generalizada no país – uma maior percentagem entre os 27 é encontrada apenas na Letónia, Bulgária, Roménia e Hungria, sendo que neste último país a quase totalidade da população – 96 % – responde afirmativamente à questão "Pensa que a pobreza é comum no seu país?”. No outro extremo, apenas 31 % dos habitantes na Dinamarca respondem afirmativamente a esta questão.
Refira-se que o limiar de rendimentos abaixo do qual se considera que um agregado familiar está em risco de pobreza é de 60% do rendimento médio do país. Isso coloca o valor em 18.000 euros anuais para o Luxemburgo, de longe o mais elevado da União Europeia – por isso um em cada sete residentes no Grão-Ducado é considerado pobre, pois o seu agregado não atinge esse rendimento.
Em números gerais, já sem avaliação por país, o estudo mostra que os europeus consideram sobretudo as altas taxas de desemprego como causa da pobreza (52%), seguidos por 49 que apontam os baixos salários como causa principal. Mais fatalisticamente, 3 % dos europeus respondem que "a pobreza é inevitável”.
Os efeitos da pobreza são variados. Nove em cada dez europeus (87%) crêem que a pobreza é um obstáculo ao acesso a uma habitação condigna, oito em cada dez acham que limita o acesso ao ensino superior ou a educação de adultos e 74% consideram que reduz as possibilidades de encontrar um emprego. Uma maioria (60%) acredita que afecta também o acesso a um ensino básico de qualidade e 54% pensam que a capacidade de manter uma rede de amigos e conhecidos é limitada pela pobreza.
Em média, nove em cada dez (89%) europeus afirmam ser necessária e urgente a acção dos governos nacionais contra a pobreza. Significativamente, 74 % consideram que a acção da União Europeia é importante para este combate, contra apenas 20 % que pensam o contrário.
O inquérito Eurobarómetro sobre pobreza e exclusão social, elaborado no âmbito do Ano Europeu contra a Pobreza, 2010, foi realizado entre 28 de Agosto e 17 de Setembro de 2009. No conjunto, foram entrevistados presencialmente quase 27 mil cidadãos em todos os Estados-membros da UE, seleccionados de forma aleatória.
Hugo Guedes
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