A inauguração do Instituto Ibérico da Nanotecnologias, a 17 de Julho, mereceu honras de Estado, contando com a presença do Rei de Espanha, D. Juan Carlos, e do Presidente da República, Cavaco Silva, bem como dos chefes de Governo e dos ministros da Ciência dos dois países.
Com um investimento inicial de 100 milhões de euros, assegurado por Portugal e Espanha, e um investimento anual de 30 milhões de euros, o instituto deverá ter 14 mil metros de área laboratorial, num edifício de cerca de 20 mil metros quadrados, estando prevista a contratação de 200 investigadores de Portugal e Espanha.
Questionado no início do mês sobre a evolução do instituto, o ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, garantiu que já estão a ser instalados vários equipamentos laboratoriais, estando, em simultâneo, a decorrer o processo de contratação de cientistas. Estão também em preparação parcerias com universidades portuguesas e espanholas.
Na altura, o governante antecipou que o laboratório vai provocar "uma explosão" na criação e crescimento de empresas na Região Norte.
"O facto de se concentrar no Instituto Ibérico da Nanotecnologias muita capacidade de engenharia e de tecnologias vai atrair muitas empresas a esta Região e expandir as muitas que já existem", declarou, frisando que "falar de nanotecnologias não é futurismo é falar de actividades do dia-a-dia".
Mariano Gago salientou que "o futuro passa pelas nanociências em áreas como a dos medicamentos, nomeadamente para muitas terapias de combate ao cancro, pelas tintas e corantes, pelo desenvolvimento de materiais e superfícies, da nanoconservação dos alimentos e da preservação do ambiente".
"Há muitas técnicas já desenvolvidas nestes domínios e outras em fase experimental e de desenvolvimento científico", frisou.
Acentuou que, em Portugal e sobretudo na região minhota, "existem já muitas empresas que utilizam técnicas nanométricas para fabricação e que já não podiam funcionar sem essas técnicas, algo que não acontecia há dez anos".
Estão neste caso - sublinhou - "os têxteis avançados, as tintas, os kits ambientais, certos aspectos da medicina, dos diagnósticos e dos materiais, e a indústria automóvel".
A nanotecnologia estuda os fenómenos à escala de um nanometro, ou seja, mil milhões de vezes abaixo do metro, sendo uma área transversal a vários disciplinas e já com resultados na medicina, entre outros domínios.
"Estas aplicações começaram por ter um impacto muito grande na área da medicina, mas também dos materiais, da electrónica e evidentemente que se pensa que também vai ter a nível da informática, das energias limpas, da biologia. É extremamente variado", explicou à agência Lusa Rui Lobo, um dos criadores desta tecnologia em Portugal.
Para o especialista, no futuro qualquer tipo de indústria de base tecnológica deverá incorporar conhecimentos na área da nanotecnologia, que exige conhecimentos de Física, Química, Matemática e Biologia.
Foto: Bayer AG
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